Está aqui um texto que deveria ser leitura obrigatória do ensino médio. E pensar que passei meu segundo colegial decorando a diferença entre “mais-valia absoluta” e “mais-valia relativa”, enquanto pérolas como essa, de Fredéric Bastiat (francês, primeira metade do século XIX) permanecem esquecidas.
O texto é cômico. Sua sacada é genial. Mas o princípio, ou melhor, a prática que ele satiriza está por trás de males muito reais.
A “petição dos fazedores de vela” imagina uma petição fictícia, escrita pelos fazedores de velas (velas de se iluminar as casas e todas outras fontes de luz artificial) aos deputados franceses. Nessa petição, eles pedem auxílio do governo contra um competidor estrangeiro que tem oferecido iluminação a um custo ridiculamente baixo, o que prejudica a indústria local.
O competidor é o sol. Durante metade do dia, ele mantém as casas iluminadas a custo zero. Ora, se não fosse pelo sol, a demanda por velas e outros tipos de iluminação provavelmente dobraria. Isso significaria a criação de muitos empregos na indústria de cera, na de pavios, na de lampiões, etc. Esses novos empregos gerariam demandas de outras indústrias, e assim toda a França enriqueceria.
A proposta é muito simples. Passar uma lei que obrigue a vedar todas as janelas da França com tábuas de madeira. Assim, removido o competidor desleal estrangeiro, as casas precisariam de iluminação artificial inclusive durante o dia, beneficiando a indústria francesa. Você consegue apontar o erro desse raciocínio, que está presente em tantas propostas políticas contemporâneas (de formas menos aparentes e honestas mas igualmente ridículas)? Então talvez você deva ler este texto.
Pingback: Tweets that mention A petição dos fazedores de vela | Dicta & Contradicta -- Topsy.com
Pingback: A petição dos fazedores de vela | Alessandrolândia
Pingback: A petição dos fazedores de vela | Livros e afins