A Gênese de ‘Do Enigma ao Mistério’ – VI

Antes de conhecer o Bruno Tolentino, eu já conhecia sua obra. Porém, mais do que a obra, conhecia a sua fama de “polemista”, de destruidor de reputações. Conhecê-lo pessoalmente foi, de certa forma, um grande desapontamento. Como era possível que alguém que adorava apontar o ridículo da pretensão de cultura de tantos fosse tão simples no trato pessoal?

O ‘professor’ Bruno Tolentino era exatamente assim. Por várias razões, não pude acompanhar o longo curso que ele deu sobre poesia brasileira em 2006. Mas sabia o que estava acontecendo e – sobretudo – encontrei-me várias vezes com os alunos do curso, que iam frequentemente à casa do Tolentino conversar sobre as palestras. Como não podia sair muito de lá (não era uma locomoção fácil), ele simplesmente chamava as pessoas para conversar. Tenho certeza de que isso era do que ele mais gostava; de ser professor, no melhor sentido da palavra: ensinar não este ou aquele conteúdo, mas sim a pensar por si mesmo.

***

Uma nota sobre o meu método ao fazer esta edição. Conforme já disse anteriormente, num primeiro momento simplemente transcrevi as gravações, com todas as imprecisões da fala. À medida que progredia, fazia de vez em quando uma checagem. Depois de terminada essa primeira fase, no entanto, praticamente não voltei a ouvir a gravação. Isso foi necessário para que o trabalho andasse; por outro lado, erros cometidos na transcrição não puderam ser corrigidos. Até agora não peguei nada grave, mas já me torturei mais de uma vez: “como eu troquei essa palavra por aquela outra?!?”.

Uma das difíceis decisões – e que pode servir de exemplo para várias outras – é a referência explícita que o Bruno faz a Santo Tomás. Como vocês podem ver na revista, toda ela virou apenas uma nota de rodapé. E, pelo bem da verdade, quem sugeriu a nota (mesmo sem ouvir a gravação) foi o Henrique Elfes, nosso editor chefe. Minha vontade era não fazer nenhuma referência explícita ao Santo. Por quê? Ora, eu considero a história de Tomás de Aquino interessantíssima; aliás, curiosamente, no dia seguinte a esta aula dei uma palestra sobre ele, mas quando me pus a editar o texto cheguei à conclusão de que não poderia me desviar da linha de raciocínio. E a história de S. Tomás não era essencial ao tema ali tratado (além do que, convenhamos, o Bruno não foi o primeiro a falar dela e certamente não será o último). Por isso, foi cortada.

Por fim, só uma nota: reparem, mais uma vez, no tom de voz no final deste trecho, quando ele pede para fazer uma pausa.

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Um comentário em “A Gênese de ‘Do Enigma ao Mistério’ – VI

  1. Acabei de encontrar no Mais! da FSP desse domingo um anuncio do Dicta e Contradicta. Ironicamente é pela via do Mais! (o Ma-mais!) como ele o denominava que agora isso me chega. Ouvi um pouco a voz do Tolentino e realmente está muito, muito rouca. Tolentino esteve aqui em Porto Alegre, inclusive parou aqui na minha residência, mais do que uma vez, onde esteve em contado com diversas pessoas. Como é que eu posso receber uns dez número dessa revista? Meu endereço é
    José Luiz Caon
    Riveira, 600
    Cep 90670-160 – Petrópolis
    Porto Alegre – RS
    Abraços, jlcaon

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