“Se enxergá-lo é díficil,
não ver ainda é pior”.
“A Explicação”
Foram quarenta e três anos de espera. Durante este tempo, Bruno Tolentino preparou “O Mundo Como Idéia” como se fosse a pedra angular da sua obra – ou, como ele explica em um dos ensaios introdutórios, “repositório oblíquo, o espelho convexo em que se movia inquisitivamente a sombra conceitual de cada metáfora que eu confiava no papel”. Uma obra e tanto, diga-se de passagem, feita no silêncio, na astúcia e no exílio. Sua estréia em 1963 com “Anulação e Outros Reparos”, foi marcada por uma polêmica besta de que teria sido plágio de um poeta que a História fez questão de deixar no limbo do esquecimento. Mas era ler os primeiros versos do poema-título para saber que Bruno Tolentino não seria um poeta qualquer – muito menos um que se limitava a um mero copy-desk. Havia uma densidade fora do comum na escolha de cada palavra, no trato do ritmo, na precisão de um adjetivo – algo surpreendente para um garoto de apenas 22 anos. A pergunta que se fazia era a seguinte: Até onde este rapaz chegaria?
O fato é que, naquela mesma época, o espírito de Tolentino estava obcecado com o problema que o acompanharia pelo resto de sua vida e que não o deixaria nunca, seja em suas andanças por Oxford ou pela França. Não era algo simples de ser resolvido. Desde cedo, Tolentino percebera que havia um abismo entre o que a poesia representava como a realidade e o que era a própria realidade. Muitos artistas e muitos filósofos caíram na escuridão deste penhasco: como se o medo de algo desconhecido os impulsionasse para este salto suicida, criaram outros mundos, querendo explicar a iniqüidade deste aqui. Era a vertigem do Mal provocando a revolta contra a própria natureza humana.
Em 1964, antevendo a loucura político-ideológica que tomaria conta do país, Tolentino partiu para a Europa, com a ajuda de Giuseppe Ungaretti e de Yves Bonnefoy, para fugir daquela imbecilidade chamada ditadura militar. Contudo, entre 1959 e 1963, o jovem poeta passou pela fase da iluminação assustadora, que seria a revelação de seu futuro projeto poético. Absorto nas leituras de Kierkegaard, Platão, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Drummond, Manuel Bandeira e Cecília Meirelles (Tolentino conheceu estes três últimos pessoalmente no Rio de Janeiro no final dos anos 50, com Bandeira atuando como uma espécie de tutor), ficou profundamente fascinado com a poesia de um novo autor que surgia na França – Yves Bonnefoy. Ao ler os versos “Du mouvement et de l´immobilité de Douve”, Tolentino se viu refletido numa alma que tinha as mesmas preocupações estéticas e – se podemos nos antecipar um pouco com esta palavra – morais, mas com seu objeto de análise teórica localizado em um outro campo da arte: a pintura. Se Tolentino ainda se incomodava com os saltos desesperados de Kierkegaard ou a maiêutica socrática do “Fédon”, Bonnefoy tinha a noção do abismo no momento em que analisava um quadro de Uccello ou de Michelangelo. Com a ajuda dos livreiros Andrei Duchaide e Madonna Vanna, donos da Leonardo da Vinci, a mais tradicional livraria do Rio de Janeiro, que abriram uma conta especial para que o jovem Tolentino lesse todos os livros que quisesse, sem se preocupar em pagar na hora, ele entrou em contato com Bonnefoy, escrevendo uma carta para parabenizá-lo sobre os versos de “Douve”. O francês não hesitou em responder a carta de Tolentino, na qual comentava que a sua percepção do abismo entre o mundo e a arte se deu quando notou que a “única coisa que percebemos no Real é a passagem do Tempo”.
Aquilo foi como um estalo. Qual seria a função da arte se ela também seria vencida pela pantera do Tempo – aparentemente sutil, mas agressiva ao extremo quando se tratava de destruir qualquer pretensão de eternidade? Qual seria o sentido daquilo tudo? Foi em busca deste sentido que Tolentino escreveu os primeiros poemas de “Anulação”, marcados por um pessimismo claramente influenciado pelo Montale de “Ossos de Sépia”, mas também com os toques do choque que foi a revelação da “Douve” de Bonnefoy. A trajetória pessoal, repleta de caminhos tortuosos, se mesclaria com a trajetória do seu país, mais tortuosa ainda – o que fez Tolentino buscar o sentido de sua poesia no lugar mais perigoso para encontrá-lo: o exílio.
O sol negro do exílio – como o próprio comentaria nos ensaios de “O Mundo Como Idéia” – foi vivido enquanto o poeta trabalhava como tradutor na Comunidade Econômica Européia e, finalmente, como professor em Oxford, Inglaterra. Trabalhou também como diretor adjunto da Oxford Poetry Now, a editora da universidade que publicava tanto os clássicos como as últimas novidades da poesia inglesa. É neste meio tempo que Tolentino não hesita em publicar, pela mesma coleção, os seus novos poemas, todos escritos em língua inglesa, “About the Hunt” (1978). Ele estava levando o exílio a sério: desisitira completamente de escrever qualquer coisa em sua língua natal. Já havia feito isso sete anos antes de “About the Hunt”, com a publicação de “Le Vrai le Vain”, desta vez com poemas escritos em francês. Não era uma mera amostra de presdigitação lingüistica: o francês e o inglês foram as primeiras línguas que o pequeno Bruno aprendeu antes de saber o próprio português.
Mas era claro que Tolentino também se divertia com o fato de muitos ficarem espantados com a sua versatilidade. Ele não estava apenas criando uma obra poética, mas também criava uma persona poética, no melhor estilo de Yeats e de Rilke: o jovem poeta de “Anulação e Outros Reparos” se transformava no gypsy-scholar de Bristol, Essex e Oxford, elogiado não só por Bonnefoy, como também por Jean Starobinsky. Sua peregrinação pela Europa o permitiu conhecer seus maiores mestres – Montale e Eliot -, além de, como o próprio Tolentino gostava de espalhar em entrevistas, fazer alguns descendentes com mulheres que tinham ligações genéticas com R.M.Rilke e René Char.
Se tudo isso é fato ou não, cabe a um futuro biógrafo responder. Mas existe algo inegável: a luta de Tolentino para que a anulação do Tempo não acabasse com o sentido da poesia impregna todo este período de exílio em que a sua persona de gypsy-scholar molda, aos poucos, uma poesia de reflexão e aceitação do efêmero, das limitações do ser humano e, sobretudo, do efeito do Tempo como movimento essencial da realidade. Se em “Anulação” a linguagem poética ainda tem influências do hermetismo de Montale e de Salvatore Quasimodo, com algo rebuscado, como se um jovem quisesse criar um efeito poético pelo simples prazer de criar algum impacto no leitor, agora, justamente com seus dois livros escritos em línguas estrangeiras, seu estilo ficava mais claro, preciso, cristalino. O exílio da língua-mãe provocara uma reviravolta em seu espírito: Tolentino sabia que a linguagem da poesia era passageira, como tudo neste mundo, mas que era a única forma de não deixar a morte – o verdadeiro nome do termo “anulação” – invadir a rara beleza da vida.
É em 1979, então, que acontece a verdadeira metanóia: afastado da religião católica desde a adolescência, Tolentino, depois de anos de reflexão, se converte ao catolicismo, sem antes dar ao mundo a prova de sua renúncia à vida falsa que vivia – o poema “Ao Divino Assassino”, dedicado à falecida Anecy Rocha, antigo amor da juventude, que morrera em 1977 ao cair de um poço de elevador. “Ao Divino Assassino” é um grito de revolta justa, em que Tolentino cospe numa litania que, entre o sacro e o profano, rasga todo o seu questionamento sobre se Deus ama de verdade o homem. Se Ele cria toda esta beleza, por que depois a destrói? Um dos mais belos poemas escritos na língua portuguesa, é também a volta definitiva do poeta à mãe vernacular que foi rejeitada por tanto tempo, numa meditação intensa sobre o problema do Mal, sobre se a vida vale a pena ser vivida e se, afinal de contas, a morte tem um sentido neste caos. E Tolentino descobre que há um sentido em tudo isso: Deus ama e destrói ao mesmo tempo – e a única coisa que resta ao ser humano é aceitar sua finitude, sua solidão, seu exílio para depois deixar a Graça entrar na alma.
Entretanto, a Graça não se torna uma solução – e sim em mais um problema. Aliás, um grande problema, especialmente no que concerne como retratá-la – com todo o seu mistério, com toda a sua impossibilidade de exprimí-la – na linguagem da arte. Neste ponto, a alma de Bruno Tolentino torna-se a arena de uma luta implacável que poucos teriam a coragem de enfrentar. E, de novo, a persona do gypsy-scholar se metamorfoseia na do grande poeta católico, o homem que criou “As Horas de Katharina”, que nos deu o diário espiritual de seu exílio em “Os Deuses de Hoje” e que nos levou pela mão nas celas de Dartmoor em “A Balada do Cárcere”. Isso sem contar o lado polemista, que permite um revisionismo ímpar da literatura brasileira, destruindo os irmãos Campos no panfleto “Os Sapos de Ontem”, um trabalho menor, sem dúvida, mas que nos ensina como uma polêmica deve ser feita: com insultos bem dados e não etiquetas de boa-educação disfarçadas em abaixos-assinados fajutos.
É claro que a luta que Tolentino enfrentará em sua alma só pode se dar em um único lugar: o Brasil. Depois de quatro anos preso em Dartmoor por “porte e tráfico de cocaína”, ele voltou ao país para, como disse Arnaldo Jabor em uma das poucas declarações que prestam, “devolver-nos a peste clássica”. O que seria esta peste? “Quero meu país de volta”, disse Tolentino numa famosa entrevista à revista Veja, ao afirmar que Caetano Veloso era medíocre, que a USP era um antro de mamadores das tetas do Estado e que o país passava por um momento de degeneração intelectual. Isso foi em 1993 – o mesmo ano em que lançou “As Horas de Katharina”, opus magnum que qualquer leitor com bom gosto sabia que era um espanto ver aqueles versos serem publicados no Bananão. “As Horas” conta a história da freira Katharina – ou melhor, a sua transformação espiritual – numa poesia em que cada rima, cada som, cada verso nos remete ao melhor de Rilke, às visões de Santa Teresa (naquele interlúdio perfeito que se chama “O Castelo Interior”) e de São João da Cruz, às andorinhas de Manuel Bandeira e às responsabilidades de Yeats. O jovem de “Anulação” era agora, trinta anos depois, o vate da Anunciação, da Morte e da Ressurreição da poesia brasileira.
O problema é que ninguém lhe deu ouvidos. Graças à máfia concretista que impera nas universidades e redações, nenhum crítico se dignou em discutir as inovações que Tolentino trazia não só com “As Horas de Katharina”, mas também com “Os Deuses de Hoje” e com “A Balada do Cárcere”. Demolidor da estética de que “o verso acabou” que os irmãos Campos promulgaram como vanguarda nos anos 60 e 70, Tolentino propôs a volta do verso, da musicalidade e da lírica do pensamento, em que a poesia é uma reflexão não só sobre seus próprios limites ao captar o transcendente e sim uma meditação sobre a própria vida, evitando transformar esta última em um mero jogo lingüistico. A inovação que o gypsy-scholar trazia era a “peste” que Jabor proclama: a consciência da nossa mortalidade, o medo que temos dela e o fato que podemos vencê-la com um ato singular – entregar-nos a Deus.
Mas o mundo desconhece que as trevas não engolfam a luz. O silêncio em torno da obra de Bruno Tolentino aparentemente não o deixou abatido. Enquanto publicava “As Horas de Katharina”, “Os Deuses de Hoje” e “A Balada do Cárcere” – além de reeditar uma segunda versão de “Anulação e Outros Reparos” em 1998 -, continuava a preparar aquele “espelho convexo”. Já sabia exatamente como se chamaria: “O Mundo Como Idéia”. Durante quarenta anos, escreveu cada verso e cada metáfora como se fossem o reflexo do embate que travava na alma – embate que também viveu na carne, tornando a sua vida “um capitel de escombros”. A década de 90 foi, para Tolentino, uma das mais dolorosas de sua vida porque foi a do exílio dentro de sua própria terra e de seu próprio corpo: a AIDS que quase lhe tirou a oportunidade de ver o principal livro de sua obra ser publicado como queria. Mas ele resistiu como poucos: o dilema da Graça o torturou, especialmente confrontado com o drama da razão que se enamora pela Dama Idéia. Bruno Tolentino viveu o Inferno para depois nos contar, através de sua poesia, como ele é, justamente para o evitarmos e para realizarmos com mais audácia a travessia final.
A poesia é a forma em que a língua de um país, com todos os seus dilemas, abismos e trevas, aparece de maneira mais profunda, exata e pura. O poeta vai até o fundo dos escombros e, quando tudo parecia impossível, tira de lá uma pequenina, mas feroz, luz. Os versos de um poema tornam a linguagem compacta, permitindo uma pluralidade de leituras, de novos detalhes, de novos conhecimentos sobre a realidade, que mostram, atrás de sua limitação, um mundo oculto, que poucos infelizmente conhecem – o mundo do Espírito. E é neste mundo – em que os homens que vivem nele não podem ser apenas inteligentes, mas, sobretudo, profundos e corajosos – que a realidade implacável se mostra com toda a sua absurda claridade. O encontro entre homem e Deus se traduz em uma batalha que a carne das palavras será a testemunha desta permanente tensão – deste metaxo entre o campo divino e o campo mundano da existência, em que a alma só tem duas opções: a luz que cega e depois conforta ou a luz que mata de uma vez e nos leva para a completa escuridão.
Assim, a obra de Bruno Tolentino é a síntese de uma linhagem de poetas, nacionais e internacionais. Em um desses acontecimentos únicos que demoram cinqüenta anos para serem devidamente compreendidos por um crítico literário, a poesia de Tolentino resume as seguintes tendências, criando uma tradição própria – como qualquer grande poeta deveria fazer: Machado de Assis (especialmente o de “Ocidentais”), Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Carlos Drummond de Andrade (principalmente o de “Claro Enigma”), Jorge de Lima, Murilo Mendes; a poesia lusitana de Luís de Camões e Fernando Pessoa, além da tradição modernista fundamentada em Rainer Maria Rilke, William Butler Yeats (especialmente o de “The Tower” até “Last Poems”), W.H. Auden, Geoffrey Hill, além dos já citados Eliot, Bonnefoy e Ungaretti, sem nos esquecermos das influências idiossincráticas de Elizabeth Bishop, Charles Baudelaire, Eugenio Montal e Saint-Jonh Perse.
Todos estes poetas são retrabalhados dentro de uma dicção única que Tolentino criou para a sua poesia. Há um permanente diálogo de tensões, formas e temas entre eles, como se os mortos ainda estivessem vivos e como se a linguagem simbólica da poesia fosse capaz de recuperar o tempo perdido. Tolentino segue à risca o princípio do “Fédon” de que kai oùk agnoí ta paronda – a de que o pensador ou o poeta “não ignora o que aparece”.
E o que é que aparece que não pode ser ignorado? A poesia é, para Tolentino, a possibilidade de se fazer uma lírica do pensamento em que a anamnesis recupera a concretização de uma meditação sobre a finitude de nosso mundo que tem, como prova de seu mergulho nas profundezas da alma, as limitações da linguagem. Contudo, este é o único meio para a breve duração do canto da poesia – que só pode ser vista como uma ponte para o salto da fé e da Graça.
Aqui, Tolentino não hesita em adicionar muito da mística cristã de Santa Teresa e de São João da Cruz na sua busca poética. Mas também não se incomoda em colocar – como uma espécie de oposição perturbadora – um Charles Baudelaire para explicitar os contrários da Graça, especialmente a parte diabólica que seduz a todos nós: a Dama Idéia. Dessa maneira, temos um projeto ousado, que mistura poesia, filosofia e crítica de arte, em que somos apresentados a uma peculiar visão de mundo, no qual se unem uma filosofia da forma e uma filosofia da história, ambas tendo como eixo o conflito entre a realidade implacável da vida que aceita a morte, para então se entregar à Graça, e o deserto da luz conceitual da Idéia, que tenta explicar o mistério, petrificando a alma e provocando a “marmorização moral do ser”. Não se pode ignorar a luz divina que aparece quando a alma se abre aos mistérios de uma vida que é apenas uma preparação para a morte – a morte que não mata, é claro, aquela que sabe que é um início de um novo percurso, de uma nova travessia. A literatura é um processo de recuperação da memória e do tempo perdido, a partir do momento em que se aceita esta perda como parte inerente da condição humana e que não pode ser mudada de forma alguma. A realidade é o que é e não existe outra. Nossa obrigação moral, como seres humanos, é nos abrirmos para a linguagem simbólica ao redor, deixarmos que ela nos leve não para um outro mundo, composto de alucinações, mas para uma realidade mais profunda, mais misteriosa, em que a explicação verdadeiramente nobre é a de que seria horrível não ouvir o sussurro imortal que nos move através das ruínas.
“O Mundo Como Idéia” estabelece suas bases filosóficas com dez ensaios em que Tolentino faz uma espécie de relato autobiográfico de como nasceu o livro e como ele foi sendo escrito durante esses quarenta anos. Esta parte – escrita em um estilo intrincado, quase hermético, que nem parece ser o mesmo poeta de versos límpidos, tamanha a complicação de suas interjeições e idiossincrasias – é importante porque sem ela não teremos como entender as experiências que os poemas nos contarão logo a seguir. Isso fica explícito na epígrafe escolhida para abrir esta parte, tirada do livro “The Problem of Pain”, de C.S.Lewis:
“What we learn from experience depends on the kind of philosophy we bring to experience. It is therefore useless to appeal to experience before we settle, as well as we can, the philosophical question. [Similarly] the result of our historical inquires will depend on the philosophical views we have been holding before we even began to look at the evidence. The philosophical question therefore must come first.”
(O que aprendemos da experiência depende do tipo de filosofia que trazemos à ela. Logo, é inútil apelar à experiência antes de elaborarmos, dentro das nossas possibilidades, a questão filosófica. O resultado de nossas investigações históricas dependerão das visões filosóficas que estávamos guardando antes mesmo de olharmos a evidência. Portanto, a questão filosófica deve vir antes.)
E esta questão filosófica será uma das mais complicadas, já que ela persegue a humanidade desde o início dos tempos. “Não vivi exatamente infenso às sereias da Idéia, longe disso”, confessa Tolentino no prólogo do livro, “por isso mesmo constatei a que ponto elas podem desviar, obscurecer, obstruir até a mais sofrida via de acesso à intuição do ser (…). É em nome da Idéia que, século após século desde os fins da Idade Média, vem-se hipotecando a aventura cognoscitiva a um empirismo às avessas, espécie de remanso especulativo a substituir-se às perplexidades da condição mortal. Contra um tal cenário, a vida do espírito tem tido que escolher, basicamente, entre duas posturas, só em aparência opostas: ou bem ‘retira-se’ da arena, desativando suas tensões com a abdicação de um mea culpa de sonâmbulo, tautológica e fatalista, ou bem ‘abole’ a intratável opacidade do real num momento de ebriez altiva, de cegueira rebelde. Esta última, argumenta meu texto, seria a grande tentação, o refúgio por excelência (e há mesmo quem o diga inescapável) da inquietude ocidental”.
Através de sua própria experiência, Tolentino elabora o seguinte pensamento: a arte não é a realidade em si, mas uma percepção dela, produto de uma cosa mentale. Logo, a enrascada é clara: como um artista pode representar o real em que vive se seu produto é, por sua vez, representação da representação – isto é, a idealização (para o bem ou para o mal) do real? Esta é a grande tentação da Dama Idéia, como Tolentino apelida ironicamente a sua desafeta: a arte pode ser uma mentira que conta uma verdade, ou mais uma mentira que oculta a luz da verdade? Haveria uma solução?
O detalhe é que qualquer solução sobre esse assunto será provisória – e temos ter perfeita consciência desta condição. Quando afirmamos que a obra de Tolentino seria uma espécie de síntese, não podemos nos esquecer que seria uma forma de responder alguns enigmas, mas não todos. A poesia não é um sistema filosófico, como o de Hegel ou de Kant, em que tudo pode ser dividido em categorias e classificações definitivas. Fazer isso com o trabalho de Tolentino seria a mesma coisa que implodir toda a sua tentativa de alertar-nos sobre as conseqüências terríveis que acontecem, ao preferirmos ver o mundo através dessa ótica aparentemente perfeita e ordenada, mas que esconde uma horrível alucinação.
Assim, a síntese encontrada se deve não por causa da vitória de um argumento sobre a iniqüidade deste mundo – e sim porque o poeta aceita, antes de tudo, que sua “solução” é passageira e que a iniqüidade do mundo é muito mais concreta e duradoura. A poesia torna-se um “canto contra o impossível”, uma fogueira que queima lentamente o nosso rascunho de carne e osso aqui na Terra para, enfim, chegarmos à plenitude do ser somente na morte. A única maneira de negar o mundo como Idéia – o mundo do diabólico, da razão humana que acha que pode explicar tudo e que se esqueceu de Deus – é ver o mundo real como um interminável palco para uma lição de trevas que todos teremos de enfrentar. E a linguagem poética, de natureza simbólica, é a frágil ponte para a plenitude do ser que, enquanto vive no mistério da existência, deve saber que o mundo real é, antes de tudo, um rapto.
Tudo isso poderia ser um motivo para um niilismo da poesia – fato que realmente acontecera com Tolentino nos tempos de “Anulação e Outros Reparos” -, mas ele escapa do beco-sem-saída através da revelação cristã: a poesia agora é um salto de fé que sabe da sua perecibilidade, que luta contra o impossível porque tem certeza de que este canto provará que “tudo é milagre, somos um compêndio/ de prodígios, um puro desdobrar-se/ de maravilhas e inefáveis/ passe de mágica contínuo e quase sempre imperceptível…”. O Verbo é um dom da nossa passageira imortalidade, a chance de deixarmos alguma marca no fugaz – mesmo que isso também seja uma ilusão.
É este aspecto ambiguo que pode levar o poeta aos braços da Dama Idéia quando aparece o espectro da poesia. E aqui entra a figura de Charles Baudelaire. “O Mundo Como Idéia” é estruturado como uma grande sinfonia, à moda de Jean Sibelius, com pequenas células temáticas que possuem giros concêntricos e que se dissolvem em outros temas que terão seu gran finale com a quarta e última parte, “A Imitação da Música”, toda composta de sonetos alexandrinos. A primeira parte, “Lição de Modelagem”, começa com um dos poemas mais perfeitos já realizados, “O Espectro”, em que conta o encontro de Tolentino com Baudelaire à beira do Tâmisa, mas antes temos o soneto “In Limine”, que tem a função de uma pequena frase musical – como nos concertos e sonatas de César Franck – que dará ao leitor uma amostra dos temas principais:
IN LIMINE
“…kai oùk agnói ta paronda”
PLATÃO
O mundo como idéia (ou pensamento).
Entre a gnose e o real (talvez o acordo).
Mas no ramo (imperene) canta o tordo
(provisório) e invisível vem o vento
e leva o canto e deixa um desalento,
a queixa dos sentidos. Não recordo
se sonhei tudo isso ou não: um tordo
e a noite em meus ouvidos um momento,
outro rapto no vento… Mas supor
que o triunfo moral do cognitivo
restitua-me o ser menos a dor,
é resignar-me a um perfume tão rápido
que não existe quase, insubstantivo
como a Idéia. Não: o mundo como rapto!
A partir daí, é apenas um passo para o mergulho no delírio que é “O Espectro”. Baudelaire aparece a Tolentino enquanto este “espanava as lombadas do mistério” durante uma leitura de Kant e avisa ao poeta que se sente às armadilhas da Idéia que se esconde na arte da poesia:
“Não sigas mais a falsa peregrina
que rapta a imagem, rouba-lhe o reflexo
e entrega os dois a um jogo que termina
por desfazer de tudo a cada nexo.
A terra é provisória e improvidente,
Tudo é relâmpago entre a morte e o sexo,
Mas a alma faminta não consente
Que lhe mintam! A Idéia te convida
Mas não recebe nunca e, de repente,
Entre a porta da entrada e a da saída
Perdes as proporções e logo a conta,
O fio da meada e o dom da vida”.
O fato desta “grande alma penada” dar o aviso mostra um dos temas constantes na obra de Tolentino: o homem que viveu o mundo como Idéia, que atravessou o Inferno, relata o que foi seu tormento para que ninguém o siga pelo mesmo caminho. Baudelaire faz isso com o poeta brasileiro e este faz o mesmo com seus leitores. O jogo lúdico que poderia ser a linguagem poética vira uma luta extenuante sobre a integridade do ser. É provável que ninguém tenha feito isso na poesia brasileira: Drummond é considerado pelo próprio Tolentino como um de seus pioneiros, mas a apostasia da fé retratada em “A Máquina do Mundo” leva o mineiro a uma descida à mediocridade que poucos teriam a força para superar.
Aliás, pode-se dizer que “O Mundo Como Idéia” é uma resposta tensa a “Claro Enigma”, o livro em que Drummond reflete sobre seu ceticismo transcendente e que recusa a Graça quando ela lhe é oferecida. As estruturas em simetrias e paralelismos, com os temas se interpenetrando através de metáforas, imagens e cores que se repetem, mostram o cuidado que Tolentino teve durante esses quarenta anos para que os poemas tivessem a sua parte integrada no todo e que também remetesse o leitor às mesmas perguntas que Drummond faz no seu clássico livro. Contudo, há uma sutileza na construção do raciocínio poético, graças às variações formais que Tolentino apresenta, indo de sonetos às quadrinhas, aos poemas longos até as redondilhas, que dificilmente entedia o leitor. Pouco a pouco, somos obrigados a ler a estrutura da sinfonia; por exemplo, “O Espectro” é paralelo a “Lição de Modelagem”, em que Tolentino conta a sua visão com Santo Irineu; o tema do tordo aparece desenvolvido totalmente em “Nascimento em Ravena”; as metáforas do canto e da luz serão levadas ao extremo em “A Imitação da Música” – e vários etécetras surgirão devido à complexidade de um livro que tem mais de quatrocentos poemas e quase quinhentas páginas de reflexão profunda e generosa.
Enfim, não é um livro para qualquer um. Exige tempo e, sobretudo, que tenha vivido ou sentido o mesmo tipo de experiência que o poeta sofreu. Sem essas condições, é impossível sequer entender o que Tolentino quer nos passar. O que, naturalmente, é uma perda porque “O Mundo Como Idéia” é, sem dúvida, o maior livro de poesia publicado nos últimos cinqüenta anos – coincidentemente, a mesma época em que foi publicado “Claro Enigma” e o mesmo tempo que Tolentino demorou para escrever o seu “livro-arena”. E esta afirmativa não se deve apenas ao fato de ser uma viagem intelectual ímpar – e, que ironia, uma viagem feita para acabar com qualquer espécie de intelecto -, mas também porque é um livro que nos emociona profundamente. O perigo de cair na mesma luz conceitual que tenta escapar como um desesperado, poderia levar Tolentino a um novo impasse. Mas o seu controle das formas poéticas e sua voz própria, indistingüível, são capazes de nos dar verdadeiros cristais de emoção, como o seguinte soneto:
IN PASSIM
Tudo vai-se acabando, tudo passa
do que é ao que era; é tudo mais
ou menos uns vestígios de fumaça
no espaço do que deixas para trás.
E tudo o que deixaste ou deixarás
de manso ou de repente, sem que faça
diferença nenhuma no fugaz,
é assim como a garoa na vidraça:
intimações de lágrima delida.
Não valeu chorar nada. Nem te atrevas
a lamentar-te à porta da saída,
pois pouco importa a vida como a levas,
que ela te leva a ti, de despedida
em despedida, a uma lição de trevas.
Esta é a prova de que Bruno Tolentino não brinca em serviço. “Morres bem ou morres despreparado, mas passas pela cinza, meu rapaz”, reflete antes de se deparar com o vulto de Baudelaire. O confronto com a morte é a única realidade possível. Não há outra. Por isso, a arte da poesia consiste também numa arte da perda, como lemos na brilhante paráfrase de Elisabeth Bishop (apelidada carinhosamente de “Isabel Bispo”):
“A arte de perder, desastrosa e fingida,
despede-se mas volta: perdi duas cidades
(belissímas!), um rio e, trêmula de saudades,
perdi um continente inteiro! Mas quem há de
esquivar-se a um mistério, se a arte de perder,
desastre ou não desastre, é algo inerente ao ser?
Perder-te, por exemplo, pouco a pouco esquecer,
ou já nem ver direito um gesto teu, um modo
todo teu de dizer… Aceito-o; não de todo,
é claro, algo se insurge, escapa, cai no lodo
de enxurrada da vida, mas que se há de fazer?
Eu recomendo dar de ombros, pois perder
dói sim, mas (toma nota!) ensina-te a escrever…
Entretanto, a emoção da dor justa que a poesia provoca no espírito atinge um grau intenso de epifania com o coração do livro – o longo poema “A Explicação”, que Tolentino dedica à memória de seu irmão, João Paulo. O título pode dar a impressão de uma ironia – afinal, um poema que dá uma explicação sobre o real seria justamente o exemplo perfeito de um mundo como idéia -, mas Tolentino se despe desses artifícios para contar a visão que seu irmão teve no leito de morte. Aqui, temos a constatação do que ocorre quando a meditação anamnética se concretiza na linguagem poética: cada verso, cada estrofe, cada palavra dá voltas sobre si mesma, como se estivesse numa procura em que não haverá mais chance de ser realizada novamente. Observem o ritmo dos seguintes trechos e vejam se Tolentino não mimetiza perfeitamente os círculos de notas da sétima sinfonia de Sibelius:
“Porque logo
– conforme narra o apóstolo João,
que deu seu nome de visão e fogo
ao meu irmão –
dá-se o assombroso prólogo
e, como em Patmos naquele dia,
o espelho se anuvia:
segundo aquele olhar que viu o Cristo,
desaparece tudo:
a visão dá lugar
ao relâmpago mudo
e branco, mas fatal, de um esplendor
que todos aguardamos sem saber
ou sem querer, mas todos sem pensar,
e então
então tudo o que parecia
cheio de luz – se prenhe de terror –
tudo estremece sob um só clarão
que há de vir sacudir e anunciar
o avesso e o decesso da inversão
do doido instante nosso,
feito de fuga e deformação.
Onde quer que apareça, esse clarão
transtorna ou transfigura
o olhar humano e, na breve fração
que chamamos de instante, a criatura
conhece – ou reconhece – o seu lugar
e ouve gemer os ossos
fartos de sacudir como um chocalho
seus terrores na mão de um espantalho
coberto dos farrapos da ilusão”.
“A Explicação” é o salto de fé que se dá dentro do livro, a síntese ao cubo de toda a literatura brasileira. A poética do rascunho, do instante que ilumina e machuca tem sua cristalização – se isso for possível neste mundo de impermanência – nesta estrofe:
“Tudo o que o ser intui, sonha e procura
termina por surgir-lhe finalmente,
e com mais elegância,
mais nitidez do que a visão na tela;
mas brilha um só instante, como um nexo,
como o curto sinal de uma pressaga,
vaga visão no vão de uma janela
que, mal se acende, a noite a engolfa e apaga”.
Mas o ser humano nunca compreenderá o poder deste instante porque a plenitude do ser só pode ser alcançada com a consciência da morte – algo que é quase impossível, já que
“Medrosos, nos furtamos ao mistério,
proclamamos o império
do animal, o interregno do bicho
e, em seguida às repúblicas do sexo,
a morte como as sobras da ração;
damos a cova como a goela aberta, o Não
de Deus tornado a fera
cinicamente à espera
de soterrar Seu lixo”.
Ao negar Deus, ao negar o Cristo, ao negar Seu sofrimento e Sua expiação por nossos pecados, por nossos casos com a Dama Idéia, o homem prefere andar como um sonâmbulo, fugindo daquele “real que se elucida na agonia da carne”, escolhendo uma vida irreal, um sonho que acaba se tornando um pesadelo infinito – como o próprio Inferno. Mas o que é o real? E será que podemos saber o que é o real? E como encontrá-lo? A explicação do título se encontra nestas últimas estrofes, em que Tolentino faz algo ímpar: como uma broca, os versos perfuram a alma do leitor até o momento em que este se rende e deixa abrir seu coração para a revelação final.
“É o real tudo aquilo que, à medida
em que nos abandona e se evapora,
sagra o aqui e o agora
entre os braços da Cruz, nosso sinal
de mais na escuridão.
Tudo o mais é ilusão,
mero jogo mental
que às vezes nos confunde,
mas que não pode desfazer o nexo
entre o instante mortal
e o perene esplendor da rosa-múndi.
Este é o grande cordão umbilical,
o traço de união, aquele elo
que Eliot entreviu num roseiral
e o Velho do Restelo
num cais de Portugal.
É o mesmo nexo sobrenatural
que, às vezes, com uma rapidez de seta,
inexplicavelmente nos inquieta
ao deixar-se entrever à face lisa
do que eu chamo de espelho convexo
e Platão comparava a uma gruta.
Metáforas que valem como o indício
de que a mente se expande quando escuta
o sussurro imortal que anima a brisa,
sossega a ventania
e acode a cada rosa na agonia;
ele é que suaviza
o derradeiro amplexo
que desfigura e transfigura o ser,
ele é que acalma
e leva pela mão a pobre alma,
resgatada dos braços do suplício
para enfim perceber
o esplendor de um jardim muito maior
que seu curto reflexo.
Se enxergá-lo é difícil,
não ver ainda é pior”.
A revelação final é o sussurro imortal da Graça Divina pairando sobre nós, sem concessão, esperando apenas a nossa decisão. Este sussurro é também a voz de uma luz que aponta o poeta: “Vem, alma tonta, vamos subindo”. E ainda que ela seja constante durante a vida, somente uma única vez deixará um ser de lenda por em seus olhos a venda da luz total:
“A voz do amor vem várias vezes,
mas a alma ama uma vez só.
De estrelas há um trilhão e treze
e somem quando um sol sem dó
recobre-as todas de ouro em pó.
No céu em que eu andei às vezes,
as belas balelas dos deuses
– neoclássicas, de um rococó
ou de um barroco de encomenda
ou de ilusão – de vez em quando
iam chegando e iam passando,
até que um dia um ser de lenda
passou por lá e pôs-me a venda
da luz total nos olhos cândidos”.
Contudo, este ser de lenda, mesmo com toda a sua beleza – seja ela uma mulher, a poesia, a arte em geral – irá perecer. Não há saída para este fato: “For the ageing of beauty is no easy grief. There is no measuring the pace of graceful sorrow, the last light lingers, but the eyes grieve all the way“, escreve Tolentino na epígrafe da última parte, “A Imitação da Música”, tirada de “The Years That The Locust Hath Eaten”, obra que o poeta nunca conseguiu terminar em vida. Sim, a morte da beleza não é uma dor fácil. Mas existe alguma dor que seja fácil? Temos de amar o que é mortal para impedir que as mentiras disfarçadas de imortalidade façam o ser humano se perder no tormento da Idéia, antes que seja tarde demais.
Todos somos meros aprendizes na vida do Espírito. Na poesia de Bruno Tolentino temos de ter a noção de que esta não é um ponto final. Sua travessia poética nos dá a impressão de que alcançamos uma resolução satisfatória dos problemas morais e estéticos que nos atormentam até hoje – e que se refletem em outras áreas da vida em sociedade. É um percurso que, dentro de seus limites, expandiu a consciência nacional de tal modo que, como é comum em uma nação que caminha em erro atrás de erro, o impacto de sua poesia só será absorvido nos próximos cinqüenta anos.
“Não escrevo para a época de agora, muito menos para aqueles que vivem no passado. Escrevo para o amanhã, para a geração futura”, me explicou um dia Tolentino. Para ser um bom aprendiz na vida do Espírito, é necessário ter perseverança. Parafraseando os versos de “Travessias”, vamos prosseguir e vamos sobreviver, mesmo que todos estejamos condenados à solidão, mesmo que a poesia seja a nossa curta visão da eternidade, nesta estranha caçada contra a anulação de todos nós.
Martim, na versão original deste artigo n’O Indivíduo, você escreve que The Years That The Locust Hath Eaten é a parte final de uma trilogia — mas que estava ainda em fase embrionária. O Bruno Tolentino chegou a desenvolver essa obra nos anos seguintes ao seu artigo?
Parabéns pelo texton, Martim
Texto que acalma e agoniza ao mesmo tempo. A busca de uma vida inteira condensada em palavras… uma busca de cada um de nós, que sentimos a resposta em nossas mãos e que a deixamos escapar muitas vezes por ignorância e, sobretudo, por medo. Sinto que aceitá-la é como acabar negando a nós mesmos – criaturas passageiras. “Vem, alma tonta, vamos subindo”. Somo crianças, animais, seres vivos. A vida pulsa dentro de nós com um preço, um preço que devemos aprender a suportar, o preço da existência e da consciência. Existimos para poder viver. “Quem somos, para onde vamos, de onde viemos?” são, agora, substituídas por uma nova questão: o que fazer dessa vida?
Abraços,
Rodrigo
“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve.”
Martim,
Queria ver um debate com o Bruno Gripp, que faz várias críticas à poesia do Tolentino. Afinal de contas, aqueles debates que se iniciaram aqui antes do lançamento da Dicta 7 – pelo menos alguns deles – não foram mesmo debates, não é mesmo?
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Será pra sempre lido, e saudado, como o poeta maior brasileiro. Por mim, nascido em 1994, ou porque quem quer que seja.