Esqueçamos José Saramago. Esqueçamos Christopher Hitchens. Vamos falar de escritores de verdade. Vamos falar de Henry James.
Henry James, o mestre das frases enormes, quase obscuras, que tentava apreender o que há por trás de uma consciência entorpecida o tempo todo pelo tédio que existe nas festas e nas conversas da alta sociedade americana-européia. Henry James, o responsável por um dos contos de terror mais sombrios da literatura – The Turn of the Screw – e que também era capaz de escrever prefácios longuíssimos sobre a criação de seus romances, sempre narrados com uma minúcia de fazer inveja a Proust e que deleitava Edith Wharton, sua discípula favorita.
Sim, ele era tudo isso. Mas não era apenas um escritor preocupado com esteticismos. Era alguém que se preocupava com uma profunda vida moral.
Neste longo ensaio de R.R.Reno (o nome parece aliteração de um cassino de Las Vegas, mas o sujeito é um competente teólogo, por incrível que pareça), mostra-se a intenção de Henry James em querer mostrar quais são as encruzilhadas de uma vida que busca um pouco de bondade na sua essência. Uma vida só pode ser uma vida verdadeira se ficar exposta às tentações, por menores e mais pequenas que pareçam.
É claro que James não oferece nenhuma solução moralizante, e muito menos religiosa, para tal situação; contudo, o simples fato de que um escritor embebido de modernidade nos ofereça uma meditação problematizadora sobre o assunto, sem recorrer aos estereótipos habituais dos Hitchens e Saramago da vida, mostra que temos ainda muita coisa para ler e nos deixar admirados.
E, sim, leitor, o ensaio é longo e denso. Mas se você reservar um pouco de tempo da sua vida atribulada e dedicar-se a ler algumas linhas do e sobre o Old Pretender, garanto-lhe que se esquecerá desses escritores menores que povoam as cabeças minúsculas do nosso tempo.
Sabe o que é mas triste? Só nós ainda lembramos que Saramago existiu. Depois de cumprir sua função, cada mente revolucionária é descartada como uma embalagem…
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Queria refazer um pedido a vocês: há a possibilidade de vocês disponibilizarem o vídeo (se é que existe) da palestra do Gustavo Franco no lançamento da Dicta nova?
Abraços.
“Escritor que não é cristão não é nosso amigo; merece o inferno!” (Nas entrelinhas)