Os estagiários de jornalismo cultural afirmarão que Claude Chabrol, que morreu no sábado aos 80 anos, era um dos bastiões da Nouvelle Vague, que fazia críticas ácidas contra a burguesia francesa, que gostava de filmar com Isabelle Huppert – enfim, todos os clichês que serão repetidos um por um, de forma automática, provando que nunca viram um filme dele.
Aqui, na Dicta, não terá nada disso. O que você terá é a minha lembrança de ter visto Madame Bovary, sua versão para o romance de Flaubert, e ter chegado à conclusão de que era possível, sim, adaptar uma obra literária sem perder a sua substância. E também terá a minha lembrança de ter visto La Cerimonie, traduzido aqui com o título idiota de Mulheres Diabólicas, e percebido, com um misto de surpresa e terror, que o analfabetismo também pode ser (ou levar a) um crime hediondo.
Chabrol era o mestre da simplicidade assustadora. Esperamos que não percamos isso com sua morte.
(E o pior de tudo isso é que Godard é o último que sobrou da lista, com direito a Oscar honorário e tudo – não, não conto com Rivette ou Resnais, hors concours. O que prova que vaso ruim é difícil de quebrar, etc. e tal. Waal.)
Caro Martim,
há um famoso crítico secundando a tua opiniao:
http://blogs.estadao.com.br/daniel-piza/duas-lagrimas-2/#respond
E como eu adoraria vê-lo filmando Ludivine novamente. E novamente de novo.