Depois do recesso de Natal (que, segundo as mensagens comemorativas da Amazon.com, não é mais Natal e sim apenas the twelve days of Holiday) e de Ano-Novo, voltamos à nossa programação normal com a terceira parte da entrevista exclusiva com João Pereira Coutinho. Nesse meio tempo, o próprio João resolveu escrever duas das suas colunas mais polêmicas – uma em que afirma que a sapatada dirigida a George W. Bush somente prova que o Iraque melhorou muito e outra em que, com uma didática de história de ninar, explica aos leitores brasileiros quais são as verdadeiras razões dos ataques de Israel contra o Hamas na faixa de Gaza. Obviamente, algumas pessoas chiaram. Como veremos nesta seqüência da conversa, João dá uma explicação críptica para aqueles que não entendem os seus textos: eles devem ser lidos com senso de humor. Aliás, segundo o próprio, esta é a diferença essencial entre um conservador e um esquerdista: o primeiro sempre tem senso de humor, o segundo mal sabe o que é isso.
Portanto, quando ocorre o debate supostamente honesto entre as chamadas “direita” e “esquerda”, o que está em jogo não é a validade de cada ideologia – que terminará no reducionismo sobre a condição humana – mas uma simples questão a respeito de quem tem senso de humor. Para João Pereira Coutinho, que prefere Evelyn Waugh a James Joyce, como exemplo de escritor supra-sumo* do modernismo, o humor tem uma capacidade redentora, própria de quem não se vê como exemplo de vida e sim apenas como mais um grão que será contado, entre tantos, quando o Dono da Casa finalmente chegar de sopetão.
*Sim, por enquanto será usada a ortografia anterior ao Ultra-Badalado-Acordo (última homenagem ao uso dos hífens – como sentiremos a sua falta!), aquela que mal foi aprendida nas escolas e agora tentam impor outra para que ninguém saiba mais como escrever.
Brilhante.
É sempre bom tomar conhecimento das opiniões de JP Coutinho. Tanto na forma escrita através de seus artigos quanto através dessa entrevista. Partilho parcialmente da sua opinião sobre o humor e concordo completamente a respeito de Evelyn Waugh.
É curiosa a estreita relação entre o pessimismo e o cômico (“humor”), concebida também nessa brilhante entrevista.
Agradeço-lhes. Abraços.
Muito interessante as suas elocubrações sobre a arte de fazer rir. Mas, também, nada de novo, não é mesmo? Ele prefira, Oscar Wilde à Proust, Ele, atualmente, lê a tal da New Yorker; é um conservador e etc! Tá bom, o rapaz é um grande intelectual, que oupa a sua “cadeira” lá na Folha. Tem lá os seus truques para conquistar o público leitor; assim, volta e meia, ele dá uma de humilde, como quando diz que o que lê, atualmente, não recomenda pra ninguém e coisa e tal. Isso é conversa mole.
Ele escreveu um artigo sobre os bombardeios de Israel contra a faixa de Gaza, que é uma pérola. Faz uma comparação sem cabimento para justificar o injustificável. Para ele, pelo jeito, o povo palestino não tem direito algum. Lamentável e sem a mínima graça!