Uma viagem parte turística, parte médica, tem me mantido ocupado aqui nos EUA e um tanto distante deste site. Mas agora que as coisas acalmaram, e que a Dicta terá, por um mês, um correspondente exclusivo em Baltimore, MD (“the greatest city in America”; ou pelo menos é o que está escrito nos bancos públicos ao longo do cais), tenho tempo de sobra para compartilhar as vivências culturais e sociais do coração do império.
Quero começar pela minha incursão ao MoMA (não vá ser grosseiro a ponto de errar as maiúsculas e minúsculas!) em Nova Iorque. Sim, sim, lá estão grandes clássicos da arte moderna (o Noite Estrelada de Van Gogh é, merecidamente, o maior destaque da casa); peguei até uma mostra especial de Matisse.
Mas para quê perder tempo com história antiga? O melhor da festa é o andar de arte contemporânea. Já de entrada se é brindado com cenas de muito bom-gosto em franca discordância com a moralidade sexual catoburgopuritana e uma mini-mostra de quadros protesto das “Guerrilla Girls”, que vai chacoalhar todos os seus preconceitos de gênero e raça.
Já devidamente conscientizado, pude elevar minha experiência estética com a obra de um artista – quem diria -brasileiro: Cildo Meireles. Vejam só a obra-prima (“first time on view at the MoMA”) que me aguardava.
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Você é filisteu o bastante para ter achado que se trata apenas de um enorme bloco de feno? Think again…
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Por mim, passaria horas naquela sala. Contudo, o doce aroma do feno que aos poucos adentrava minhas narinas acabou tendo um efeito diurético, e logo mais era minha vez de ter preocupações políticas e filosóficas enquanto promovia uma mistura de substâncias. Cota periódica de arte contemporânea: preenchida.
Calma, que até o final do ano tem 800 obras (?!) na Bienal de São Paulo!
Por favor, Joel, moste aos americanos o que é a verdadeira brasilidade e roube a agulha de ouro que está dentro do monte de feno.
Se a literatura tivesse seguido o mesmo caminho das artes plásticas, estaríamos lendo romances assim:
“Ooiuoiu oiuoiuio oiuioiuoiuo. Xzxczxc zxczxc zzxc zxc zxc! Qqweqweqw qweqwe qweqweqw”
E “ai” de quem não “entendesse”…
A minha lua de mel incluiu uma viagem a Nova York. A visita ao MoMA foi, tanto na minha opinião quanto na da minha mulher, a maior tourist trap da nossa estadia. Saímos antes do horário previsto em nossa programação, simplesmente porque o saco encheu, e sentindo que aquelas horas teriam sido mais bem empregadas se houvessem sido somadas às que destinamos ao Metropolitan Museum of Art.
Se eu puder fazer uma próxima viagem a Nova York, pretendo voltar ao Met. Mas não ao MoMA.
Mas continua valendo pelas antiguidades. Sozinhos, a Noite Estrelada e os Lírios Aquáticos justificariam plenamente ingresso e tempo. De toda forma, essa ajuda hilariante à apreciação do feno dourado revela parte do problema. Rouault eles deixam no depósito. Sério.
Em Paris a coisa é aparentemente mais bem organizada: existe o Louvre, que vai da pré-história até a iminência do pré-modernismo; o Museu d’Orsay, que reúne os pré-modernos ou “antiguidades da modernidade”, como Monet e seus contemporâneos; e o Centro Georges Pompidou, que é basicamente uma enorme estrebaria repleta de montes de feno. Então o visitante pode dedicar seu tempo ao Louvre e ao Orsay e deixar o Pompidou aos cavalos.
Acredito que para se captar o sentido profundo dessa “obra de arte”, é preciso contemplá-la com um certo olhar bovino. Mas não se trata de um método fácil, admito. Eu, pelo menos, não consegui.
Well, as pessoas que nao apreciam arte moderna nao deveriam ir ao MOMA, que es o museu de arte moderna de NY, e sim ir ao MET, ou a tantos outros, menores, localizados na cidade. Com certeza nao eh o melhor lugar para turistas, a nao ser ao acaso de uma exibicao especial, que sao generalmente otimas. E eh verdade, para apreciar arte moderna e necessario muito amor, e talves, um pouco de acido lisergico,… Arte moderna, caixa de vidro, parede de papelao, 1000km de linha de la, e …
Não me admira que se pegarem um punhado de fezes, pintarem-na prateado e divulga-la como obra de arte, seja aclamada e exaltada à suprema categoria do bom gosto da arte contemporânea!
É MELHOR IR NA MACY´S
Olha… Acho que brasileiro ir museu de arte contemporânea é a mesma coisa que um vegetariano ir num rodízio. Nosso negócio em Nova York é Macy´s e Century 21. Qualquer coisa fora disso não entendemos e aí ficamos com raiva… pois estamos perdendo tempo quando poderíamos estar nas lojas