É possível que um forte treinamento matemático possa obscurecer nossa visão e dificultar o verdadeiro pensamento matemático? É a pergunta de Gary Davis no seu blog Republic of Mathematics.
Ps: O autor do blog publicou um novo post comparando os métodos algébrico e ‘diagramático’ para a solução de problemas de razão (x/y), sugerindo que possivelmente envolvem o uso de diferentes partes do cérebro.
Acho que não é questão de dificultar o verdadeiro pensamento matemático. Quem tem formação em exatas vai direto montando equações (como nos problemas dados no blog), porque acaba sendo bem mais rápida a resolução. Raciocínio mecânico, sem dúvida, mas a ganha-se em rapidez.
Concordo com você, Horner. Usei a álgebra e o resolvi quase que “sem pensar” (aliás, o “sem pensar” é, segundo alguns matemáticos, como Whitehead em “Introduction to Mathematics”, uma vantagem aqui). O autor publicou um novo post comparando os métodos algébrico e ‘diagramático’ para a solução do problema: http://republicofmath.wordpress.com/2010/09/14/dealing-with-ratios-diagramatically/.
Interessante que você é o primeiro advogado que vejo ter interesse por matemática.
Pensei que não houvesse nenhum.
Também não conheço nenhum outro. Mas Fermat era advogado…
É, acabo de ver. Ele foi Juiz Supremo na Corte Criminal Soberana do Parlamento de Toulouse. Uau!
“Jurista e magistrado por profissão, dedicava à Matemática apenas suas horas de lazer e, mesmo assim, foi considerado por Blaise Pascal o maior matemático de seu tempo.”
Muito obrigado por me deixar em depressão profunda.
Existe, ou existia, pelo menos mais um. Eu sou bacharel em Direito (e ex-advogado; cancelei minha inscrição na OAB há anos) e tenho muito interesse por Matemática. A propósito, num passado um pouco mais recente, acabei fazendo faculdade de Economia também — e a Economia acadêmica de hoje é uma espécie de Matemática aplicada. Aliás, isso provavelmente é muito inadequado, mas essa já é outra história…
Você tem razão, Felipe! Tinha me esquecido de você. Deve existir outros por aí…
Bom, no meu caso foi o contrário. Fiz Poli e depois Direito. O problema é que hoje estudo para o concurso da magistratura e percebi que virei um retardado completo. Depois de decorar o Código Civil, Penal, Constituição, etc, não consigo nem resolver os problemas matemáticos que meu irmão de 11 anos resolve. Mais uns 5 anos e estarei babando por aí.
Horner, eu era um excelente aluno de Matemática nos tempos de ginásio e colégio. Mas aí eu fui fazer Direito. Ok. Cinco anos depois, entrei em Economia. E o que aconteceu? Eu penei MUITO, mas MUITO, para conseguir acabar o curso. E a dificuldade, obviamente, eram as matérias mais fortemente matemáticas e estatísticas. Outros colegas meus, que haviam antes estudado Engenharia ou outros cursos de exatas, me asseguravam que a Matemática superior envolvida em um curso de Economia era bem elementar, bobinha mesmo. Pois é. Já eu não me cansava de admirar o estrago devastador que cinco anos de estudos jurídicos haviam feito na minha antiga habilidade matemática. Nunca me recuperei completamente.
Eu acho que tenho uma experiência semelhante do demais comentadores. Sempre amei matemática, assim como amei qualquer matéria que tivesse que usar mais a cabeça do que decorar coisas.
Mas acabei no Direito e no destino da maioria dos bacharéis: estudando para concurso, o que é meu Hades intelectual.
Matemática me ajudou com o Direito? Com certeza. Meu pensamento é profundamente mais lógico que a maioria dos meus colegas que fizeram Direito por que não gostavam de exatas e não tinham coragem de fazer mais nada na vida a não ser buscar o status do mundo jurídico. Enquanto a maioria dos juristas tenta apenas decorar as coisas, eu prefiro entendê-las, de modo que consigo enxergar muito, mas muito mais longe que meus pares. E falo isso com tristeza, e não me gabando.
Eu sou apenas um energúmeno que sabe que é um, e não alguém que se considera o preparado só porque sabe recitar um Vade Mecun inteiro.
Por isso devoto toda a minha admiração e respeito aos que estudam as matérias exatas (e biológicas), vez que eles fomentam justamente o contrário do que as ciências jurídicas. Parabéns.