Lésbicas, letras e números

Recentemente, Michael Gove — personagem da política britânica que, espero, voltará a ser mencionada aqui — argumentou em favor do estudo das “coisas inúteis”… como o lesbianismo poético francês. Minha ideia aqui é reforçar esses estímulos.

Antes, um pouco de contexto. Desde 2010, Michael Grove é o Ministro da Educação (literalmente, “Secretário de Estado da Educação”) da Grã-Bretanha, membro do Parlamento e do Partido Conservador. Seu foco como ‘ministro’ é a educação sem firulas: exames exigentes, reformas pontuais e profundas, e um adeus ao funcionalismo público. É bom lembrar que a jurisdição, por assim dizer, do seu ministério, se restringe aos jovens (até 16 anos). Muitos vêem nele um herói do exemplo, mais que do gogó. O ministro Gove, todavia, gosta de discursos, e faz questão de pontuar a sua ação com referências claras aos seus porquês. No início de novembro, Sir James Dyson, empresário e engenheiro britânico, atacando o romantismo de Gove, fez propaganda do utilitarismo na educação, dizendo — literalmente — que os jovens não deveriam perder tempo estudando abre aspas poesia lésbica francesa fecha aspas.

O coro dos seus defensores pôs-se então a fazer propaganda do lesbianismo poético descendente de Safo; a eles me junto, mas para ampliar um defesa que considero demasiado restrita — especialmente porque, no Brasil, ciência nos dá sono.

Se corrigimos o modo ainda tosco dos nossos colegas de Humanas no Brasil, muito ainda ficará por fazer. Para começar com um exemplo típico: a literatura pouco aproveita de si mesma. Um escritor aprende com tudo, menos com a literatura, que constitui tão-somente o seu ponto de partida (como dizia Luhmann, “a linguagem é um meio [medium]”, e não um sistema auto-referente). Um escritor nunca encontrará a sua própria voz se permanecer na infância mimética — na imitação dos seus antepassados. As respostas sempre estão fora da sua própria área de atuação. Basta lembrar da boa e velha admoestação de veteranos e maveriques: “meu jovem, vai arranjar briga em um bar e larga esses livros”. Goethe tinha o que dizer porque era um grande cientista; encontrou suas respostas nas ciências naturais, especialmente na fisiologia vegetal e na ótica. Homero, um ou muitos, as encontrou na guerra e nas crônicas bélicas; Shakespeare aprendeu com o teatro em tempo real e vendo o drama como um negócio; Pascal as encontrou na física e na matemática; Thomas Pynchon, na engenharia aeronáutica; todos eles, em alguma medida, mais na vida e no estudo experimental que nos tomos. E é por esse motivo que a literatura é útil para quem não se ocupará dela profissionalmente. Porque ela não será a sua área. Um administrador de empresas tira muito mais da literatura que de organogramas e reuniões regadas a jargões do management: aprenderá a conversar, a pensar, a ser exato e conciso com os escritores. Com os mesmos escritores que, por sua vez, tinham aprendido a contar histórias e a escrever enquanto faziam cálculos e contratos de seguro, como Franz Kafka; ou viajando em navios comerciais, comandando-os, fechando acordos ou agindo como espião internacional, como Daniel Dafoe, autor de Robinson Crusoe. Miguel de Cervantes também deve muito à guerra, como nosso contemporâneo malcriado Evelyn Waugh. Georges Bernanos apanhou muito na Primeira Guerra e mais tarde passou anos administrando uma fazenda no Brasil, para o qual emigrou em 1938. Parte de sua família vive até hoje no Mato Grosso do Sul, como reportou-me há algum tempo uma amiga, que conheceu e entrevistou sua bisneta Naíra Bernanos (e outros parentes). Em síntese, as Humanidades aprendem tudo o que importa, ou seja, o que lhes concede independência, fora da sua praia. (Cientistas e matemáticos é que podem se gabar de viver apenas em seu mundo — e mesmo assim se beneficiam do êxtase periódico.)

Digo isso porque é comum encontrar a reclamação de Lorde Dyson — de que a literatura é inútil aos nossos jovens — com sinal trocado entre acadêmicos de Letras e intelectuais. Dizem alguns que tudo o que não é literatura é inútil à pureza da arte. (O que não significa, aqui, que a busca da arte pela arte, até com desprezo de certos parâmetros exteriores, seja um erro; tomada cum grano salis, a tese faz sentido. O contexto aqui é mais o dos efeitos da arte nas outras esferas — fato inegável.) São os mesmos que dizem que a literatura (o ócio!) é inútil aos negócios; que os negócios (férias do ócio!) são inúteis para a literatura; ou que o lesbianismo parisiense desvia os católicos do bom caminho. Deliram todos, ao que parece. Sugiro que se interessem pelas coisas, mesmo que seja por contabilidade ou engenharia naval; o saldo sempre é positivo.

O estudo — como bem lembrou um dos defensores de Gove — vem de studium, que é o entusiasmo latinizado, a pura curiosidade livre de vícios e de virtudes. Trata-se do único móvel capaz de nos levar a produzir e a criar, mesmo em sentido utilitarista. Sem o exercício da curiosidade, o homem de negócios está morto; será no máximo um funcionário público. Ou talvez até um advogado — que, de tanto ouvir a sua classe dizer que tudo o que não é jurídico é inútil, tornou-se ele mesmo um títere sem utilidade alguma.

* * *

É preciso, dito isso, abandonar o beletrismo de Humanas e atualizar a própria educação liberal, ao menos no Brasil. O primeiro passo é extirpar o preconceito algo cômico — porque procura diminuir algo que é, muitas vezes, grandioso e exige muito trabalho — que as nossas Humanidades nutrem com respeito às ciências. Preconceito, aliás, totalmente ausente nos organizadores da série Great Books of the Western World. O beletrista (tanto o conservador como o clássico professor marxista) é capaz de exaltar a literatura, por ser guardiã dos valores da civilização, e ao mesmo tempo desprezar os seus efeitos palpáveis: a tecnologia, a técnica, o cálculo, a experimentação, o conforto, a automatização, os computadores. E também efeitos menos palpáveis, como a desconfiança diante dos sonhos da religião política, o ceticismo diante de todo tipo de esoterismo e misticismo, que  impregnam a cultura brasileira. (“Aqui, dizia um amigo, até o paleoconservadorismo pega; só não pega o amor à exatidão”.) São todos efeitos da civilização ocidental; curiosamente, não raro ela é isoladamente defendida enquanto são atacadas benesses suas visíveis como a luz elétrica, as cidades planejadas, elevadores, telefones, smartphones, computadores, Internet, liberdade de comprar e vender. Para citar um exemplo, é conhecida a repulsa de Russell Kirk aos carros, a que ele chamava “Jacobinos mecânicos” (wtf?), bem como aos computadores. Por mais que se trate de patologia, não deixa de ser impressionante, como o mal de Alzheimer ou a paralisia infantil.

O segundo passo é agregar, ao amor pelas letras, o amor pelos números e a habilidade correspondente (numeracy). Nós brasileiros somos suspeitos para discorrer a respeito — afinal, somos campeões em matemática. Nosso país ficou com a 53ª posição entre 65 países no Programa Internacional de Avaliação de Alunos elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Uma posição formidável. Ainda assim, não podemos ficar confortáveis com nosso desempenho impressionante. Ainda chamamos de “fetichismo” o amor pelos números e pelo rigor lógico. Os países anglo-saxãos, conhecidos por seu horror à matemática, sempre souberam valorizar esse aspecto essencial da ciência.

Ironias deixadas de lado, carecemos também de curiosidade por esse lado exato das “coisas inúteis”, característico dos países civilizados. Philip Womack, um dos defensores de Gove, rememora:

I knew, when memorising my Physics GCSE syllabus, that I was motivated to get an A so that I would be able to apply to a good university; but I also knew that I would never have to do Physics again as an academic subject. But boy am I glad that I was made to do it, even though I was never going to be a particle physicist – I can now read up on quantum mechanics, or astronomy, without feeling left behind.

A acusação de fetichismo ou, pior, “cientificismo”, é claramente uma glorificação da preguiça que herdamos dos nossos antepassados bacharéis (e, infelizmente, dos velhos padres professores). Para um bacharel em direito, números dão muito trabalho; são chatos. E todo escritor e acadêmico de Humanas brasileiro é um bacharel, tenha ou não se formado em direito. Surpreende que tenhamos poucos prêmios Nobel, mesmo com o grande esforço dos departamentos de biologia, química, ciências médicas, matemática e física? E que achemos grande coisa a filosofia profunda dos franceses dos anos 60? Ou que nossa grande reclamação tenha como objeto a “hegemonia marxista”? Nada disso deveria surpreender. Temos preguiça. Muita preguiça. Tudo o que exige uma resposta exata, uma curiosidade incansável, provoca sono. Para outros, 2+2=4 é conservador demais.

O que parece difícil de compreender, entretanto, é que o amor à exatidão é, ou deve ser, comum à literatura e à matemática.

Restaria provar que as lésbicas também preferem a exatidão. Mas deixarei essa demonstração ao leitor.

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18 comentários em “Lésbicas, letras e números

  1. Vc está certo em toda a explicação. Mas o tal empresário está certo na parte prática.
    Sim, o engenheiro e o administrador de empresas têm muito a aprender com Kafka. Mas esse tempo não deve ser tomado na formação obrigatória. Esse benefício o engenheiro e o administrador vai ter por interesse próprio. Assim serão uma elite, e a média operante não terá frustrada a formação que lhe cabe.
    Vide Steve Jobs.

  2. Caro Julio,
    li e reli teu artigo tentando entender qual é o objetivo. Por um lado, teces loas ao rigor, à precisão (ainda que não tenha certeza do que queres dizer com isso); em todo caso, uma bandeira simpática. Mas propões um remédio a um estado de coisas intelectual supostamente decaído que me parece dúbio. Vou enunciar as duas maneiras como o compreendi:

    a) literatos (ou bacharéis) têm de se interessar por outras coisas que não literatura;
    b) literatos (ou bacharéis) têm de se interessar por ciências exatas.

    Se for a), não poderia concordar mais. Qualquer sonetilho sobre o poente requer interesse pelo poente; qualquer romance sobre negócios requer interesse por negócios; qualquer conto sobre, digamos, moda requer interesse por moda – por um objeto que, em suma, chamaríamos de extra-literário. Talvez tua crítica seja dirigida a uma certa literatura contemporânea rala tematicamente, muito interessada em jogos metalingüísticos – e, se for, partilhamos o mesmo desgosto. Mas não posso deixar de notar que esse interesse extra-literário não está de modo algum excluído da educação de humanas (ou da educação comme il faut de humanas), que requer, para o estudo da literatura, por exemplo, além de domínio das técnicas de análise literária (narratológicas, estilísticas, métricas), conhecimentos (por elementares que sejam) de história, de filosofia, de artes, de política, de ciências. Se a crítica que diriges é ao tipo de educação de humanas que tem se dado nas faculdades, em que muito disso fica obnubilado por denuncismo político e sentimentalidades, também estamos de acordo.

    Se o ponto for b) – e, pelos exemplos e pela segunda metade do texto, fico imaginando se não é – uma plêiade de contra-exemplos de grandes escritores que não tinham interesse especial matemático ou científico (ou bélico, como em alguns casos citas) vem-me à mente. Proust, por exemplo – por o que Proust interessou-se realmente? Pintura, certo, um pouco de música, literatura (muita) e… fofoca. A mais reles, banal e ridícula fofoca. E transformou isso – o vestido da Mme Tal no baile tal ou as intrigas amorosas de um amigo – em “À La Recherche”. Se um cérebro, digamos, muito pouco científico já pôde transformar um material baixo assim numa das maiores obras literárias do século, creio que isso é uma objeção no mínimo grave à idéia. E não seria difícil citar um Olimpo de outros escritores de grande valor em quem qualquer gosto pronunciado por ciências ou matemáticas ou engenharia é, ao menos a mim, desconhecido. Aliás, é de se discutir se as leituras teológicas de Pascal não foram no mínimo tão importantes para o seu pensamento quanto sua vida de cientista, senão mais.

    Parece-me que o equívoco de uma posição dessas é esperar das ciências exatas, quase que exclusivamente, uma disposição de espírito ao rigor. Há algo sim de fetichista aí: um primitivo atribui qualidades anímicas a um objeto exterior a ele, a um totem, a um bastão; um intelectual atribui a um campo de conhecimento propriedades (rigor, objetividade, precisão) que não pertencem ao campo em si mesmo, mas ao seu próprio espírito quando nele se exercita. Mais do que a via pela qual alguém se alçou a essa objetividade e a esse rigor (se por equações ou exercícios de descrição flaubertiana), a mim interessam bem mais as produções do intelecto imbuído de ostinato rigore, pouco importando o estrato em que ele incida, se a física, a pintura, a vida psicológica ou as fofocas de sociedade de que um Proust ou um Thackeray, por exemplo, extraíram, sem cálculos nem lógica, observações muito exatas sobre as realidades humanas. Mas não precisamos ir tão longe. Quem quer que já tenha feito a experiência de manter de pé um soneto com graça sabe o quanto há nisso de senso se objetividade, de disciplina (nada mais indiferentes aos nossos transportes de alma dos que as doze sílabas de um alexandrino!) e o quão pouco de “preguiça” bacharelesca.

    Um abraço,

  3. Rodrigo do belo sobrenome (olha o meu bacharelismo!), a opção “a” está mais de acordo com o meu alvo. Mas nada que não torne parte do que está compreendido em “b” supérfluo: humanismo sem interesse por ciência é um risco. Mas minha crítica é mais geral, e não se dirige a escritores, mas aos jovens. Não está muito longe do que Gove propõe para o Reino Unido; é que no Brasil normalmente esquecemos das ciências ao falar de educação liberal, e meu objetivo é lembrar que isso não deve ser esquecido em hipótese alguma. De qualquer modo, se não é necessário, é desejável que o escritor se interesse por ciência e por técnica, mesmo longe da literatura. Proust e Thackeray são exceções; e mesmo que não fossem, ainda assim o melhor não deixa de ser o melhor — mesmo que não passe pelo necessário.

    O que mais gostei no seu comentário foi a ideia sobre o senso de objetividade e disciplina. São parte do espírito exigido para as letras. E isso demonstra a razão da preocupação com a exatidão, que passa muito longe do fetichismo (você mesmo o comprovou com o que escreveu). É impossível cultivar a exatidão sem uma matéria de aplicação, ou erigir um ídolo ou totem dedicado a ela. Exatidão só aparece “in fieri”; daí ser absurdo apontar fetichismo em uma realização concreta do espírito.

    Abraço!

  4. Concordamos em gênero número e grau. Que prevaleça a exatidão sobre as ilusões verbais.

    Uma nota de rodapé: o azulzinho “Muita Preguiça” remete a um comentário inserido em um ensaio em que o autor se valeu do estudo de diversas ciências: ciência histórica, psicologia, história da ideias, ciência política e até matemática. Exatamente o que você recomenda neste texto. Nota-se claramente que o ensaio foi fruto de um grande trabalho de pesquisa, por anos. Não ter se prolongado no estudo daquela questão específica a respeito do teorema matemático ali comentado não pode ser atribuído à preguiça, mas ao fato de que não era o intuito central do ensaio, daí porque achou melhor não gastar o tempo na demonstração daquela crítica. Daí porque eu não ache muito exato escolher aquilo como exemplo de muita preguiça.

  5. Vinícius, o exemplo do link mostra que no Brasil não se examina as coisas. “Uma refutação de Cantor? Olha que beleza.” Quando li o livro há uns 10 anos, sabia que havia alguma coisa errada, mas não encontrei nenhum material a respeito.

  6. Julgar os outros como “preguiçosos” implica saber o quê e como deveria ter sido feito. Você fez, Julio (em relação ao assunto do link postado), ou ficou apenas “sabendo que havia alguma coisa errada” sem revelar a ninguém o quê especificamente?
    Ao invés de julgar como preguiça dos outros (neste caso em particular), acho mais plausível presumir falta de capacidade.

  7. Meu julgamento sobre a preguiça é geral — o caráter do brasileiro, que conheço em mim mesmo. Eu conheço pessoas preguiçosas, mas isso não tem nenhuma relevância. Dizia um professor ontem mesmo: “É dever de quem estuda filosofia dedicar-se ao estudo diário. Para um alemão não precisamos dizer isso. É implícito. O brasileiro precisa ser lembrado explicitamente desse dever”. Falta de capacidade também pode ser o caso. Mas não é relevante quem é capaz e quem é incapaz, e sim se uma obra é valiosa ou não. Esse personalismo excessivo — “fulano é desonesto”, “beltrano é um canalha” — é uma outra tendência do brasileiro a ser combatida. Minha também. Nisso, estamos juntos.

    Sobre o assunto do link, foi uma ocasião para ler o que Cantor escreveu (o que fiz em algumas ocasiões). Primeiro precisei aprender alemão direito. Já valeu a pena.

  8. Longe de encerrar o assunto, o debate postado dá a impressão de que ele ainda está em aberto e que muito poucos são capazes de contribuir. Com isso, dá a impressão também de que a polêmica tem valor e fundamento, que não surgiu de uma mera vontade de aparecer ou de um chute leviano.

    Digo isso porque uma das supostas refutações não passa de um tolo argumento ad hominem. Outros comentários parecem não ter entendido a objeção ao Cantor. Alguns disseram que esta objeção foi filosófica e não matemática. E daí? Isso significa que não está simplesmente errada, certo? Um outro, diz que o próprio Cantor não entendeu Euclides. E ainda há um comentador que afirma: “But there is still the problem of whether the set of integers and the set of evens are the same or not. You can’t simply rename a set of symbols without renaming them in their related sets because otherwise these symbols couldn’t have any meaning at all. (…)”.

  9. Rodrigo, o problema é que não há argumento filosófico contra uma demonstração matemática. A teoria dos conjuntos é um âmbito da matemática especialmente bem estabelecido, que não tolera amadores. Em dois segundos vê-se que o sujeito não é versado em teoria dos conjuntos. É uma confusão tão grande, que nem se sabe por onde começar. Por isso não há polêmica, e ninguém dá bola para um argumento desse tipo (contra o Cantor). É a mesma coisa que tentar convencer filosoficamente um engenheiro de que a sua ponte foi mal projetada. Na verdade, até seria mais fácil! Não vamos perder tempo com isso.

  10. Hoje me recordei deste post lendo uma tese de mestrado sobre Equidade, Direito e Aristóteles. 60 a 70 páginas para dizer apenas que: A lei positiva, geral, aplicada nos casos concretos, gera injustiças, portanto é preciso contornar um pouco a leteralidade da lei na sua aplicação concreta. E ninguém sabe disto? Nada mais do que disse Aristóteles, em resumo. Como muitas do gênero na área do Direito, não passam de words, words, words. um palavrório estéril dizendo o óbvio ou nada com terminologia sofisticada. Aproveita-se para dar ares de alta complexidade à teses vazias com a terminologia complicada que ninguém digeriu direito nem sabe ao certo que se refere dos Habbermas, Luhmans, Gadamers, etc. Um bacharelismo moderno. Diferente daquele do Ministro Marco Aurélio que outro dia utilizou todo o seu arsenal ruibarbosiano só pra dizer: “a honestidade na vida pública é algo bom; há muita corrupção no Brasil; é preciso acabar com a corrupção.”

    Fala literatura e ciência para estes bacharéis, Julio Lemos tem razão.

    Morte ao bacharelismo.

  11. Vale lembrar dos irmãozinhos do conforto, da automatização, dos computadores: as bombas atômicas — que podem extinguir um país, uma civilização, a raça humana –, a aviação militar, as técnicas de controle de massas, engenharia social e todo o aparato que pôde fazer do século XX o mais sangrento de todos.

    Mas, oh wait!, a gente tem a internet e a liberdade de comprar, deixa pra lá…

  12. Asclépio, o que fez do século XX o mais sangrento de todos foram os homens e a marrrdade, e a não a tecnologia. Ela produz meios, etc, que podem ser corretamente usados e dos quais se pode abusar. Tão evidente que dispensa discussão.

    Mas se acha conforto, automatização, computadores coisa do demônio, simplesmente não use celulares, laptops, carros, aparelhos de ar condicionado, facas inox e, quando ficar doente, fique longe da tecnologia médica e tente a cromoterapia. Abraço.

  13. Ah, Jules, qual é… e a engenharia social e as técnicas de condicionamento humano, o gás mostarda, as bombas nucleares? É engraçado falar que foram “os homens e a marrrdade”, mas frequentemente é a mesma comunidade científica que cria os meios, etc, que convence a classe política que algo demoníaco é viável e que, bem, “deveria ser feito, hein?”. A questão não é parar de usar celulares, carros e antibióticos, mas lembrar que esses benefícios não vieram sem um custo (às vezes em sangue).

    Mas sempre dá pra reduzir a: se é mau, então não é X.

    A Igreja, o marxismo e o misticismo que vc critica também vêem sua atuação assim.

    Vista assim, a ciência também parece só nobreza e realização.

  14. Asclépio, eu nunca vi a comunidade científica como tal propondo aparatos demoníacos ou a sua viabilidade para a classe política. Isso tem cara de paranoia ou fato não verificado. Casos como as experiências bizarras dos médicos alemães são patológicos. Mais marrdade humana — o que confirma a tese. A ciência e a técnica são neutras. Lembrar que as coisas têm seu custo é dever comum.

  15. Na verdade, Bruno, qualquer que seja a “resposta” — o link, ao que parece, é exclusivo para assinantes –, duas coisas permanecem: 1) ninguém está discutindo o argumento cantoriano, até porque não existe possibilidade de refutação, tratando-se de uma prova matemática; 2) se fosse uma discussão, ela deixaria Cantor para migrar para a semântica, e isso não é matemática (um argumento semântico pode ser filosófico, desde que com ele não se pretenda refutar uma prova matemática). Todo dia surgem picaretas que dizem ter encontrado erros nas clássicas demonstrações de Cantor ou de Gödel. Ninguém dá bola para isso (exceção rápida aqui). Off-topic.

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