Mais pérolas cinematográficas

– A caixa “Robert Bresson”, lançada pela Versátil, e que contém as três obras-primas “Pickpocket” (1959), “O Processo de Joana D´Arc” (1962) e “O Dinheiro” (1984), vale cada centavo dos R$ 108,00 que custa – especialmente devido ao pequeno extra em que Bresson é entrevistado por dois “jornalistas” franceses. Bresson não gostava de dar entrevistas e, no final da vida, era considerado um recluso e se recusava a tirar fotografias. É só ver esta entrevista e entende-se o porque: os jornalistas são mais inexpressivos que os próprios atores amadores que Bresson tanto usava e este tem mais expressão nos olhos – de um profundo enfado e pesar, diga-se de passagem – do que qualquer ator hollywoodiano possui atualmente. Mas o momento mágico é quando perguntam: “O senhor se sente só?” e ele somente responde: “Sim, eu me sinto só, mas não fico nada feliz com isso”. Em poucas palavras, eis aí a cruz do verdadeiro artista.

– “O Curioso Caso de Benjamin Button” é o pior filme de David Fincher. Também poderia ser chamado com outro título: “A História do Homem que Não Fez Nada”. Brad Pitt tenta ser excelente (seu melhor papel ainda é o de Jesse James naquele faroeste estranho de Andrew Dominik) e Cate Blanchett mostra que, finalmente, tem curvas naquela sua silhueta andrógina, mas e Fincher? Fincher perde-se no seu virtuosismo técnico, perde-se em querer se distanciar do seu assunto e acaba fazendo um filme impecável em termos de carpintaria, mas sem nenhuma alma. Como diria Paulo Francis: mais um que desponta para o anonimato.

3 comentários em “Mais pérolas cinematográficas

  1. David Fincher entrando para o anonimato, e você quem é mesmo? – e olha q nem gostei desse filme, mas da sua arrogância gostei menos ainda

  2. Danihell:

    Quem sou eu? Ora, eu sou o que sou, o que é pelo menos alguma coisa já que vc não tem coragem nenhuma e esconde-se em pseudônimo.

    M.

  3. Finalmente, alguém que não tenha gostado desse filme. Eu preferiria que o conto de Fitzgerald continuasse, apenas, em páginas – sem Brad Pitt, Cate Blanchett e aquela chatice pseudo-existencial de três horas de duração.

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