Se vocês se deliciaram com as entrevistas da Paris Review, temos aqui outra oportunidade que só a Internet traz: as entrevistas completas do programa de TV Apostrophes, com Bernard Pivot, o único homem que soube unir a literatura de alta qualidade com o entretenimento de massas que é a televisão. Temos aqui imagens de Saul Bellow, Vladmir Nabokov, entre tantos que fazem nossos olhos e nossos ouvidos sorrirem de tanta alegria.
(Via Michel Laub)
Bernard Pivot criou o melhor programa de entrevistas de todos os tempos. Mas o modelo de Apostrophes mudou ao longo do tempo, para um modelo mais dinâmico, com convidados, platéia, assuntos em pauta. Na minha opinião, perdeu em qualidade ao abrir o programa para o entretenimento de massa. Aquelas entrevistas fechadas no gabinete do entrevistado, como entre as 4 paredes cedendo sob o peso dos livros de um Georges Dumézil, ou senão na intimidade lúgubre da biblioteca de Julien Green, outrossim a visita íntima à casa de campo de Soljenitsin, enfim, nessas ocasiões em que Pivot nos faz a amizade com o anfitrião, nós assistimos o que há de melhor em matéria de entrevista, quando seu motivo se completa: tornar oportuna a simpatia do escritor com o público; não no sentido de aproximá-lo do vulgo simplesmente, como um intelectual engajado com os problemas políticos, mas de fazer afim o erudito sepultado pelos livros com o homem que vive apaixonado pela sabedoria, cujo motivo cabe ser emulado. Pivot soube fazer isso como ninguém; nós o vemos naquelas entrevistas, a menor parte, onde o telespectador se sente o terceiro convidado, e procura nas estantes ao fundo os títulos preferidos do homem com o qual entende partilhar as mesmas expressões do sentimento do mundo. Bernard Pivot, muito obrigado!