O novo gênio do pedaço

powerball

Há cerca de uma semana descobriu-se que o mundo do entretenimento tem um novo gênio no pedaço: David Simon. Quem é leitor deste site deve se lembrar de seu nome quando comentei a respeito de uma introdução sua para a reedição de Paths of Glory, de Humphrey Cobb, pela Penguin Classics. Mas agora ele é oficialmente o hot shot do momento – e por um bom motivo: Simon foi o ganhador do McArthur Prize, também apelidado de “a bolsa do gênio”.

O McArthur Prize premia americanos nativos ou naturalizados com cerca de 500 mil dólares distribuídos em um prazo de cinco anos para que o sujeito continue a produzir obras inestimáveis para a cultura americana e ocidental.

De fato, David Simon cumpre todos os requisitos acima. Jornalista e produtor de TV, ele é o homem que concebeu The Wire, a melhor coisa já feita na televisão, uma série que ganha em quilômetros de complexidade narrativa e de dignidade humana em relação a The Sopranos (detalhe: sou fã das diabruras de Tony Soprano, mas prefiro as deduções de Lester Freamon). Se você acha que Força Tarefa, da Globo, é seriado policial de qualidade, é porque ninguém apresentou The Wire ao Marçal Aquino e ao Fernando Bonassi.

Além disso, Simon é capaz de se reinventar a cada nova série. A melhor prova disso é Treme, exibida atualmente na HBO Brasil, que se passa em uma Nova Orleans destruída pelo Katrina e que, ao contrário de sua obra anterior, troca a rispidez policial por uma melancólica atitude, embalada por música de primeiríssima qualidade (Uma característica de Simon: em The Wire, ele ousa colocar Tom Waits e Solomon Burke – falecido esta semana, may God rest his soul – na mesma trilha sonora.).

Para dar uma amostra de quão revolucionária é The Wire, eu fiz uma série de podcasts com meu amigo Freddy Bilyk que é transmitido no Loop, um pequeno canal de internet que, através da simplicidade tecnológica (literalmente a lá Cinema Novo: uma câmera no laptop e uma idéia na cabeça), gostaria de disseminar um pouco de conteúdo na cabeça de muitos leitores. O link para o primeiro da série está aqui e espero que você se divirta. Se isso não foi alcançado, que vá para Baltimore e fale com Omar Little para ver quem é que manda no jogo, true that.

3 comentários em “O novo gênio do pedaço

  1. Por que seria uma “ousadia” a inserção, na mesma trilha sonora, de músicas de Tom Waits e de Solomon Burke?

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>