Volta e meia, ao pensar ou defender os méritos da educação privada, me punha a imaginar as possibilidades educacionais num mundo sem regulamentações, onde qualquer um pudesse dar aulas ou mesmo abrir uma escola. Assim, alguém que soubesse um pouco mais do que aqueles à sua volta (digamos, um senhor que leia e escreva razoavelmente bem e que mora numa favela de iletrados) poderia usar a sala de casa como sala de aula; os preços seriam baixíssimos, de forma que mesmo gente muito pobre poderia pagar. Esses devaneios cessaram depois que li “The Beautiful Tree”, de James Tooley, pois agora sei que se trata de uma realidade.
Como falei no post anterior que você escresveu sobre esse livro, Joel, ele realmente dá muito pano para manga!
Preciso lê-lo para falar alguma coisa, mas minha intuição “esquerdista” continua me deixando receoso a respeito dessa “solução”.
E deixo novamente a sugestão de que a Dicta entre nesse debate sobre Educação no Brasil, talvez chamando especialistas no assunto. Lembro que o “não-tão-especialista-assim” Eduardo Giannetti é muito preocupado com essa questão, e com aquela cabeça seria uma ótima proposta de artigo.
Ah! E a resenha ficou muito boa, parabéns!
Me lembrou as idéias de Elinor Ostrom, a mulher que ganhou o Prêmio Nobel de Economia nesse ano: a sociedade civil dando conta dos próprios problemas. Mas, como ela mesmo diz, existem diversos fatores que influenciam o sucesso e o fracasso nesses casos. Falta demostrar quais são.
Joel, muito boa a resenha. Já tive essa experiência que o Tooley relata, já dei aula a módicos 15 reais mensais para alunos favelados de uma favela aqui do lado de casa (“comunidade do cavalão”), em Niterói-RJ. A experiência foi fascinante, e dos 30 alunos que tive, 10 passaram em vestibular para uma universidade pública (!). Para mim isso é fato.
Juntei-me (sou professor de português) a um prof. de matemática e a outro de física, dávamos aula num barraco de dois cômodos, onde num instalamos um quadro e noutro uma mini biblioteca com um computador adquirido de graça. E veja: até aula de latim eu dei, isso mesmo: latim; tudo por causa da curiosidade dos próprios alunos. Não foi para frente você já sabe o porquê, nos “denunciaram” (umas freirinhas bem chatas, aliás), e tivemos que na época ficar “clandestinos” por mais um ano até a “escola de reforço” (era como a chamávamos) terminar. Na boa, eu faria tudo novamente e abriria facilmente uma escola nesses moldes, e para ganhar dinheiro, sim, por que não? Mas por aqui é tudo muito burocrático, o que traz uma enormidade de impecilhos. Mas posso falar: dá certo!
Educação livre, educadores livres.
Nossa, Leonardo, que bela experiência!
Iniciativas como essa é que contribuem para a melhora da educação. Mas não, o sistema é feito para esmagá-las, deixando apenas, para os pobres, as escolas públicas ruins como são ou as opções já estabelecidas da caridade convencional e institucionalizada, totalmente submissa ao modelo estatal.
José, acho que é um tema muito importante mesmo. Essa discussão ainda surgirá muitas vezes aqui na Dicta. E não vejo porque não levá-la também à página impressa…
O ensino público é igual a uma toalha pública.
Caros,
só para constar aqui, o Olavo de Carvalho escreveu sobre o assunto esta semana também:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/091023dc.html
Abraços.
Também gostei muito, Joel!
Valeu pela citação.
Abraço, meu caro.