Nos EUA, já são dois milhões educados em domicílio, sem ir à escola. Surpresa: o desempenho desses alunos costuma ser significativamente melhor. E mais: variáveis que explicam bem diferenças de desempenho entre alunos das escolas perdem muito poder explicativo na hora de se comparar o desempenho de jovens educados em casa; sexo, renda da família, escolaridade dos pais – o peso disso tudo é muito menor no caso do ensino domiciliar. Pouco a pouco os pais reivindicam para si aquele que sempre foi um de seus maiores direitos (e deveres): a educação dos filhos.
Essas “experiências” de ensino em casa vão, em geral, até que idade? Até o High School?
Esse é um dos assuntos que, assim como métodos de pesquisa, tendo a duvidar de qualquer afirmação meramente teórica como “o desempenho desses alunos costuma ser significativamente melhor”, ainda que ditado em artigos e reportagens obviamente tendentes ao tema.
É conversar com um estrangeiro irrestritamente submetido a esse método de estudo para perceber uma deficiência intelectual evidente. De todos os contatos dos quais mantive, todos eles (e quando digo todos, falo em nenhuma exceção) eram verdadeiros débeis intelectuais, limitados a perspectivas científicas ultrapassadas e totalmente contrários ao bom senso intelectual.
Mas entendo quem os defenda. Pois que não falamos de estudo e desenvolvimento intelectual, e sim da validade ou não do Estado educar nossos rebentos. Ou seja, a discussão não é meritocrática, e sim ideológica.
Assumo, contudo, que a massa estudantil latina está geralmente na ralé daqueles submetidos ao Homeschooling, o que não significa que essa realidade seja um padrão aceitável perante o mundo civilizado.
Eu só pude conversar até hoje com uma pessoa estrangeira educada em casa pelos pais: uma americana, amiga de minha mulher. Mas esse único elemento da minha limitadíssima amostra é uma pessoa particularmente inteligente e culta. E ela alega conhecer vários outros casos como o dela. Não tenho motivos para duvidar.
Não entendi direito o que quer dizer “limitados a perspectivas científicas ultrapassadas”; mas, se isso pretende ser uma referência pejorativa a “céticos/críticos em relação ao evolucionismo”, ou ao cientificismo em geral, então realmente enfiamos os pés no pântano da “discussão ideológica”, com todos os artifícios erísticos e lugares-comuns vazios que lhe são inerentes. Eu passo.
é claro que educação escolar é superior, inclusive contando com professores dedicados à cada área do saber;
Profissionais especializados e treinados para essa função, o ensino
Outra coisa: não confundir com a Tutoria, aquele hábito até comum desde a antiguidade (Aristóteles fora tutor de Alexandre);
Finalmente, a educação escolar não exclui a educação domiciliar. Nada impede que um pai aplique umas lições no filho.
Mas criança tem que ir pra escola sim senhor…
O “problema” é que pensamos em ensino domiciliar só com os pais ensinando. Mas a ideia de tutores e professores domiciliares, que sob a tutela dos pais, façam seu trabalho mais “individualizado”, dando uma atenção ao aluno que hoje é quase impossível existir numa escola (professores com várias turmas de 40 alunos cada), pode ser bem interessante.
O que acontece, Filipe, é que muitos pais não colocam os filhos no sistema padrão exatamente por causa de algum conteúdo ao qual objetam (o evolucionismo, por exemplo). Mas isso não é de forma alguma necessário.
Leonardo: exatamente, há vários modelos a serem tentados, cada um com seus méritos próprios.
Como os dados aparentemente mostram, mesmo a idéia contra-intuitiva de se ter pais como professores dos filhos pode gerar resultados melhores que a média das escolas.
Talvez muitos dos pais que têm sérias objeções às escolas (más influências, ideologias, preconceito anti-religioso de certos professores, etc.) se sintam inseguros para educar os filhos em casa, pela falta de experiência. Seria interessante se tivéssemos uma “central de recursos” na internet com currículos, materiais didáticos, dicas, etc., voltada para esses pais.
O Leonardo tem razão. Ensino domiciliar é o ensino individualizado, dirigido pelos pais, mas não necessariamente prestado por eles. Eles tanto podem lecionar para os filhos quanto contratar professores particulares especializados para fazê-lo em seu lugar (ou ainda fazer ambas as coisas com matérias diferentes). O que os pais necessariamente fazem no ensino domiciliar é definir — com maior ou menor liberdade, dependendo da legislação em vigor — a finalidade, o escopo, a organização e a orientação do processo educativo; essa tarefa, no ensino escolar convencional, é delegada em parte à direção da escola e em parte às autoridades legislativas e administrativas. Mais até do que os professores, no ensino domiciliar os pais substituem os diretores (e demais burocratas da educação em geral), pelo menos dentro dos limites permitidos pela lei.
Zoroastro, e olha que eu nem citei o evolucionismo =]
Mas deixemos de mimimis.
Estou indo além disso: falo do desenvolvimento científico basilar, utilitarista, nu e cru (engenharias, matemática, física, química, biologia, genética, neorrelativismo, experimentações científicas que corroboram os critérios universitários no Ensino Superior etc), teses estas que até onde sei são jogadas a escanteio nessa modalidade de ensino.
Contudo, tendo a me aproximar do Ricardo: há necessidade, também, do Homeschooling, o que não abandona necessariamente o ensino, digamos, “secular”.
Ocorre que em sendo esse método algo mais ideológico que efetivamente prioritário do ensino (pois como bem disse o Joel alguns pais o escolhem por conta do evolucionismo), há também a preponderância da defesa ideológica do fenômeno.
Ou seja, se queremos discutir a moral do ensino estatal temos antes de assumir um posicionamento condizente, por ex., o de que é necessário abandonar o cientificismo naturalmente escolar em nome das virtudes (coisa que escutei pessoalmente) “de um ensino escorado nas bases da moral familiar”.
É pegar ou largar.
Claro, trata-se de uma minoria que já é culta. Amplie este número para ver a queda da qualidade. A análise é claramente viciada e só quem não é professor para cair neste conto do vigário.
Mas como o estado vai fiscalizar os currículos? E como o individúo convence a sociedade de que ele recebeu sim uma educação formal, e que ele é instruído?
Vai ser com uma carta de recomendação dos pais que ele vai procurar emprego? ora essa
Max, o Estado não vai fiscalizar currículos. Se esse for um serviço desejado por muito, é mais uma oportunidade para pessoas e empresas o fazerem.
Aliás, empresas já avaliam escolas, universidades, hospitais, restaurantes. E mesmo hoje em dia não é só pela nota no MEC que se conhece as instituições…
Filipe, não há relação necessário entre “cientificismo” nas escolas e uma visão… mais “mística” no ensino domiciliar. Ela é, se muito, histórica; ou seja, tem ocorrido, mas poderia perfeitamente não ocorrer.
Você levanta um aspecto da sua experiência com gente educada em casa: têm menos conhecimento técnico e científico. Mas e seu domínio de matemática, como é? E sua capacidade de expressão verbal e escrita? Qual a sua tendência em acreditar em algo só porque alguém num posto de autoridade o falou? São outras variáveis relevantes.
Joel, a questão é imputar no Homeschooling uma das formas de suprimir a decadência moral promovida pelo Estado, e essa geralmente é a perspectiva da maioria que defende esse sistema de ensino. Obviamente que as variantes são gigantes, mas falo do geral facilmente perceptível. As exceções sempre se ressaltam em meio à regra. É surgir alguém ilustre que foi disciplinado no Homeschooling para que surjam aqueles que defendem “somente” esse sistema e que tentam afastar, consequentemente, todo e qualquer ensino que não oriundo e/ou influenciado pela célula familiar.
Isso, a meu ver, é ingenuidade intelectual e se pauta estritamente em questões ideológicas, e não no “desempenho desses alunos” que “costuma ser significativamente melhor”.
Agora, se falamos de uma promoção moral desse sistema obviamente que a história muda de contexto; afinal não ver os filhos aprendendo a como usar um supositório é o sonho de muitos dos pais que negam o “secularismo do ensino”, para ser mais simplista.
Finalizo minha contribuição na questão. Abraços!
“Tudo parece amarelo, aos olhos com icterícia” Alexander Pope.
Pois é. Ficam nítidos aqui os resultados nefastos da escolarização. Sabidos de plantão que não conseguem referir-se à questão, tampouco distinguir fatos de opinião, falácias predominantes entre os sacerdotes do conhecimento.
Um pássaro sabe o momento certo para colocar o filhote para fora do ninho. Mas nós terráqueos sabidões não sabemos. Achamos que devemos mandar crianças de quatro anos para a escola para adquirir “desenvolvimento científico basilar” ou aprender a se relacionar com os outros, a famigerada socialização, indispensável a ponto de se sobrepor à aprendizagem.
Abandonamos crianças indefesas em uma cela de aula, onde poderão ter suas mentes em desenvolvimento marcadas de forma irreversível. Temos a coragem de mandar nossos filhos para a escola, colocar-lhes uma maçã na cabeça para que se submetam aos “Guilhermes Tells” estrábicos, que não conseguem “educar” nem seus próprios filhos. Mas não tem problema, como estamos ganhando bastante dinheiro, podemos pagar bons especialistas para deletar o lixo que receberam de bonus ou tentar apagar de suas testas o carimbo de aborrecente. Afinal alguém tem de dar serviço para tantos diplomados. O que seria do remédio, se não fosse a doença?
Já leu “O clube do filme” de David Gilmour? Se não, recomendo veementemente. Veja entrevista com o autor e seu filho
http://www.youtube.com/watch?v=CpJHr-jZVkc
Felipe Liepkan, desenvolvimento intelectual??? A quem você se refere? Temos 53 milhões de alunos nas escolas públicas portadores de um cheque sem fundos chamado educação. Qual é o nível de desenvolvimento intelectual que esses alunos podem esperar? Você sabe qual é o índice de analfabetismo funcional no Brasil? Consulte o site do Instituto Paulo Montenegro.
Desenvolvimento científico basilar??? De que desenvolvimento científico as crianças realmente precisam? Diz um provérbio judaico: “Dê raizes a seus filhos e depois asas.”
Escola é no máximo para adultos. Mesmo assim vale lembrar o que disse Bil Gates há alguns meses. “As universidades se tornarão obsoletas em 5 anos.” ou os mais otimistas como o professor David Wiley da Brigham Young University, que acham que durarão um pouco mais: “as universidades serão irrelevantes em 2020″
Dê uma lida neste artigo:
http://noticiasprofamilia.blogspot.com/2011/01/universidades-nos-eua-recrutam-jovens.html
Com todo respeito à sua pesquisa baseada em conversas com “estrangeiros submetidos a esse método” sugiro que leia as pesquisas conduzidas por seu colega Dr. Brian Ray
http://www.academicleadership.org/article/Academic_Achievement_and_Demographic_Traits_of_Homeschool_Students_A_Nationwide_Study
Max Ricardo – Educação escolar é superior em que? Pra quem? Quando? O que é educação?
Tem certeza de que seu filho precisará de um diploma? Ou de um emprego? Sua linguagem revela a doutrinação pesada a que foi submetido: “Educação formal, curriculo, emprego, carta de recomendação…”
Você escreveu: “Mas criança tem que ir pra escola sim senhor…” Ok. Isto é certo para você, então mande seu filho pra lá, mas acha justo impor a sua escolha aos outros?
“ninguém pode me obrigar a ser feliz à sua maneira” I. Kant.
Anselmo Heidrich escreveu: “e só quem não é professor para cair neste conto do vigário.”
Meu amigo, quem é que está caindo no conto do vigário? Dê uma olhadinha fora da caixa.
Por fim trancrevo a carta de Janusz Korczak
“Caro professor,
Eu sou um sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum ser humano deveria testemunhar.
Câmara de gás construídas por engenheiros ilustres
Crianças envenenadas por médicos altamente especializados
Recém-nascidos mortos por enfermeiras diplomadas
Mulheres e bebês assassinados e queimados por gente formada em ginásio, colégio e Universidade.
Por isso, caro professor eu duvido da educação.
E eu lhe formulo um pedido:
Ajude seus estudantes a se tornarem humanos. Seu esforço, professor, nunca deve produzir monstros eruditos e cultos, psicopatas e Eichmans educados.
Ler e escrever aritmética são importantes somente se servirem a tornar nossas crianças seres mais humanos.”
“Tem certeza de que seu filho precisará de um diploma? Ou de um emprego?”
Declaração estranha essa. A não ser que a criança faça parte do 1% da humanidade que não precisa trabalhar para sobreviver…
É verdade que o ensino institucional pode deixar as pessoas com uma “mentalidade padronizada”. É um risco a se correr.
Mas, por outro lado, um ensino doméstico também não teria o risco de criar seres humanos altamente individualistas, onde cada um acaba tendo sua prórpria visão de mundo, empurrada pelos pais? Como essa pessoa lidaria com as diferenças de pensamento no convívio social?
Ao invés de “um” pensamento padrão, não correríamos o risco de ter “milhares” de pensamentos-padrão diferentes?
O interessante é que eu acho muito difícil que algum desses defensores do homeschooling realmente deixem de colocar seus filhos na escola. Será que pregariam o homeschooling como solução para todas as famílias, inclusive as pobres e ignorantes? Parecem muito com aqueles adolescentes rebeldes que querem mudar o mundo. Quero ver o que vão dizer quando seus filhos precisarem de um diploma para arrumar um emprego melhor e não o tiverem. Essa rebeldia contra o mundo “dura até a barriga esvaziar”, parafraseando Unamuno numa sentença sobre o orgulho.
Também acho que o sistema de ensino atual é muito ruim. Acho errada a submissão das escolas ao MEC e a obrigatoriedade de se colocar as crianças numa escola. Os indivíduos devem ter a liberdade de escolher o que lhes é melhor. São dificuldades que podem ser mudadas com o tempo. Mas, por enquanto, é o que temos. Você vai deixar de pagar impostos porque é contra o imposto de renda?
O homeschooling é melhor? É, sim, sob alguns aspectos. E é pior também, sob outros. O que me parece ser o núcleo do problema é que as pessoas confundem os níveis de educação, achando que todos podem ser realizados dentro de uma esfera só. É justamente essa confusão que faz uma escola dar aulas de educação sexual gay enquanto algumas famílias acham que é desnecessário colocar seu filho para aprender matrizes. São agentes diferentes querendo fazer o papel do outro.
Há um nível de educação que pode ser dado em casa (e, reconheço, é um nível fundamental); e há outros que não, até mesmo porque os próprios pais não têm condições de oferecer tudo. Como um pai analfabeto pode ensinar seu filho a ler? É aí que surge a necessidade de uma educação externa à família.
“Como um pai analfabeto pode ensinar seu filho a ler? É aí que surge a necessidade de uma educação externa à família.”
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Meu Deus do Céu, os defensores do ensino governamental estão pensando, pelos textos acima publicados, que os que defendem o “homeschooling” querem o fim das escolas atuais. Não, não, NÃO: o que queremos é o fim da obrigatoriedade da frequência escolar, e o direito de, se quisermos, educar nossos filhos em casa – opção que o Bananil não permite.
Entenderam agora, ou vou ter que desenhar, porra?
O ser humano só é pleno quando vai a escola, porque a escola é o lugar onde a criança recebe afeto, cuidados e aprende a se realizar como pessoa na arte do convívio.
A criança é uma sementinha, que só se desenvolve porque o Professor trabalha como um jardineiro
Maurício,
E se o conceito de educação desse pai que quer educar o seu filho não preenche as condições mínimas daquilo que se costuma chamar de educação?
Qual é a proposta? Que cada família que opte pelo homeschooling leve seus filhos a um exame períodico e se não preencherem determinados requisitos ou formação mínima perdem esse direito? É isso?
Vamos raciocinar. Primeiro, a média do IDEB nacional é 4,2. Com projeção de 6 para 2022! Nesse caso qual é o direito que o estado tem para assumir a educação e impor esse lixo aos pais? Segundo, qual é o requisito para se alfabetizar uma criança, além de saber ler? E olhe que não é necessário sequer ser plenamente alfabetizado. Vejam o caso do Dr. Ben Carson. Sua mãe o obrigou a ler 3 livros por semana e fazer o resumo. Ela “corrigia” os resumos periodicamente. Anos mais tarde os meninos descobriram que ela era analfabeta e apenas fazia de conta que corrigia. Mas já estavam apaixonados pela leitura e aprendizagem. Resultado, o Dr Carson um negro, criado sem pai, filho de uma mãe analfabeta, proclamado incapaz pelo sistema, tornou-se o primeiro cirurgião do mundo a fazer a separação de gêmeos siameses unidos pela cabeça. Hoje é diretor do John Hopkins Hospital.
Confiram no you tube o documentário: Mãos talentosas. Uma preciosidade!
“Bendito, bendito é aquele que semeia livros, livros a mão cheia e manda o povo pensar; o livro caindo na alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar.” Castro Alves
Uma pergunta: quem deve definir o que nossos filhos devem saber e quando? Estão tentando confinar crianças de quatro anos em uma sala de aula. Nossas crianças estão atrás das grades curriculares. A questão aqui não é se a escola é boa ou má, mas o direito à liberdade.
Quando falo em diploma, quero dizer que eles saberão decidir se vão precisar de um diploma de acordo com o que escolherem. E se o pai for empreendedor e quiser orientar seus filhos a seguir seu caminho? E se for pedreiro, ou marceneiro? Qual é o problema de que o pai ensine seu filho sua profissão? Novamente ninguem pode nos obrigar a ser feliz à sua maneira. O que nossos filhos precisam em sua infância e adolescencia é amor, carinho, atenção, elementos que não estão disponíveis para venda em nenhuma instituição
Hoje aos dezoito anos qualquer um estará habilitado para prestar vestibular se obter 400 pontos em cada matéria do Enem e 500 em redação.
Com, digamos, 3 anos, se for o caso, é possível preparar um adolescente para ingressar nas melhores universidades do país. Se ele tiver tido uma boa base, isto é, um verdadeiro lar. Isto é o que falta para as crianças. Infelizmente a escola é um lugar mais seguro e saudável que uma boa parte das casas, de ricos e de pobres. É um círculo vicioso que será dificil ser rompido, enquanto não acordarmos para os verdadeiros valores.
Ainda que fossem apenas meia dúzia de famílias que querem e podem, estas tem o direito de escolher o gênero de educação dar a seus filhos, ponto final.
“Mas criança tem que ir pra escola sim senhor…”
Temos na discussão acima trechos que fariam vibrar o mais frio dos comissários do povo.
Eu só não digo com certeza que vou educar meus filhos em casa por que não sei se me sinto seguro (afora o cerco das leis). Até de rebelde sem causa o defensor do Homeschooling é chamado.
Não quero mandar meu filho para a escola porque é uma extorsão brutal que pode expor meus filhos
à iniciação em cocaína e maconha.Para as meninas de 12 anos, aulas extras de sexo oral nos “namoradinhos”. Isso acontece em escolas particulares e uma pesquisa no Google mostrará uma PONTA da freqüência em que realmente acontece(recomendo prudência, pois o que acontece nas escolas hoje em dia é só para maior de dezoito anos). Na rede pública é ainda melhor:
Outro dia entrei numa escola pública da minha cidade e vi que os móveis são de concreto, caso contrário os alunos os destroem. É um ambiente de violência e abuso. Fora o Bulliyng, que DEIXA SIM MARCAS VIDA AFORA. Controlar os ambientes onde o filho anda é dever do pai.
Ser a favor do Homeschooling é um apelo sensato, equilibrado, decoroso e justo por liberdade. Sempre se pode também beijar os pés do Fernando Haddad e fazer Enem.
Os adeptos do homeschooling não pretendem acabar com a existências das escolas, querem o direito de educar seus filhos sem burlar a lei.
Não creio que seja adequado para todo aluno ou para toda familia, mas os argumentos contra essa prática são muito estranhos. Empregos? Alunos com educação tão particularizada vão certamente fornecer empregos, e não precisar deles. Individualismo? Isso é ótimo. Professor jardineiro? E quem sabe que semente está realmente sendo cultivada?
“Alunos com educação tão particularizada vão certamente fornecer empregos, e não precisar deles.”
E quem irá trabalhar para eles? Os desafortunados que não tiveram o “privilégio” de serem educados em casa e tiveram que optar pelo velho modelo de educação na escola?
Parece que homeschooling funciona sim, e muito bem. Mas apenas para uma elite privilegiada.
Ao “povão” resta o ensino tradicional e serem futuros empregados dos privilegiados “homeschoolers”.
Há algumas confusões. Primeiro, se o homeschooling for praticado por um número restrito de pessoas então é elitista. O caso do dr. Ben Carson prova que não, ele não é filho nem da elite intelectual, nem da elite econômica, ou política. Segundo que o homeschooling é esconder o filho em casa, é ele estudar somente em casa. Pelo que já li de seus defensores, eu poderia ensinar meu filho em casa e na hora de ele aprender, por exemplo, linguas estrangeiras, colocá-lo num curso específico. A defesa do homeschooling costuma esconder – nem esconde tão bem assim – a reação contra a uniformização e centralização da educação. Uma sociedade como a defendida pelos adeptos do homeschooling teria homeschoolers, crianças aprendendo com tutores, escolas particulares, escolas públicas, teria muita variedade de escolha. O maior alvo dessa reação é o mito da educação universal planejada pelo Estado, que costuma criar uma elite, porque o Estado é incapaz de dar uma educação de mesma qualidade para todos, e mesmo que tivesse meios, não conseguiria ensinar aqueles que simplesmente não estão interessados. Nada substitui o acompanhamento individual de cada aluno, e isto parece ser central no homeschooling e ausente em muitas escolas. Além disso, fica a questão de se é melhor não receber educação nenhuma ou receber uma educação ruim – eu acredito que a primeira opção seja bem menos ruim.
Li toda a discussão até aqui… E, futuro pai que sou e professor de professores que sou, já me coloquei infinitas vezes a pergunta: escola ou não-escola?
Confesso que não tenho uma resposta… e nunca cheguei a alguma coisa que me convencesse completamente de uma ou outra das opções. Tenho medo – muito medo – do que vejo por aí e que andam chamando de educação (a formal, pelo menos)… e as várias descrições que aparecem na discussão – tanto dos a favor, quanto dos contra o homeschooling – só vêm a fazer crescer a longa lista que já me formei de material suficiente para atiçar medo no mais corajoso dos homens.
Gostaria, todavia, de contribuir com um relato. Dia desses, com minha esposa – grávida de 6 meses -, que é orientadora pedagógica numa escola católica de São Paulo, falávamos de nosso desejo de não educar nosso filho em São Paulo (e mesmo no Brasil)… e elencamos inúmeros motivos (e como os temos!). Motivos que dizem respeito às particularidades dessa cidade, motivos que dizem respeito às generalidades da educação nacional… Mas, a conversa foi descambando num quase desespero, porque não víamos solução no horizonte de possibilidades que imaginávamos (a “emergência educativa” é mundial). Num determinado momento, brincando, falei do homeschooling como solução… e a conversa, que eu pretendia encerrar com a minha “brincadeira”, ganhou uma densidade inesperada. Ambos somos psicólogos e, por isso mesmo, temos uma enormidade de argumentos psicologizantes acerca da socialização etc. etc. etc. E, conversa vai, conversa vem, caiu-me uma ficha… aparentemente boba… mas fundamental. Na nossa discussão, no fundo, havia um tema que perpassava o tempo todo os nossos argumentos: a autonomia da família como célula básica… e quando falo de autonomia, falo daquilo que não tem nada que ver com o que se pratica, hoje em dia, nas escolas (onde autonomia não é mais meta, mas é ponto de partida… numa destruição sem precedentes de toda a dinâmica educativa em sua originalidade… educere): falo da possibilidade de a família escolher a orientação do ensino dado, falo da autonomia de proposição de valores e tradições, falo da possibilidade de discussão com os responsáveis pelo ensino formal, falo de participação e de acompanhamento da educação… enfim, a autonomia estava na base de nossa conversa como tema que iluminava cada argumento. Contudo, seria o homeschooling a melhor imagem dessa autonomia? Não conheço a fundo as propostas do homeschooling para dizer nem que sim nem que não. Porém, conheço muito bem um desejo que carrego e que é compartilhado por minha esposa: queremos que nosso filho seja realmente livre… e, para tanto, sei que tudo de que ele precisa não é dado pela escola, ou mesmo pela família, muito menos pelo Estado… é já dele, desde sempre… pode ser anestesiado… pode ser relativizado… pode ser edulcorado por um ou por outro dos inúmeros atores que compartilham do processo educativo do humano… mas, não pode ser eliminado de forma alguma, porque é ontológico, é definidor: trata-se do coração (e não se trata de nada “romanticozinho”, heim?!), o centro do eu – ou, nas palavras de Edith Stein, o “núcleo do eu”; ou ainda, nas palavras de Luigi Giussani, a “experiência elementar” -, esse conjunto de exigências que constitui o humano e que, soterrado que seja pelas ideologias de plantão, não silencia de forma alguma… e é a única coisa capaz de conferir verdadeira autonomia (ah! essa palavra tão mal compreendida e de que tanto se abusa). É claro que, para isso, podemos oferecer as melhores condições. Quais seriam essas melhores condições? Conclui essa nossa conversa, com uma intuição: “a questão é onde ele afunda as raízes… em São Paulo? em nós? na escola pública?… não… o coração humano afunda suas raízes no mistério” (desejo, de-siderio). Oferecer o mistério é oferecer as melhores condições. Isso – já vimos o suficiente – as escolas (mesmo as católicas… ai, meu Deus!) não oferecem, a educação formal (em todos os níveis – do fundamental ao superior) não oferece. Cabe à família oferecer. Fica, porém, a questão: e a família, nessa circunstância cultural que vivemos (não é preciso descrevê-la) sabe oferecer? Vejo, cada vez mais frequentemente, pais que têm medo de propor valores, de oferecer fundamentos, de propor tradições… pais que se sustentam totalmente naquilo que as escolas oferecem, naquilo que o Estado dá, naquilo que a cultura edifica (e que, agora, descontrói quase que cotidianamente).
Enfim, pensava numa coisa que Bento XVI dizia na Jornada Mundial da Paz (01/01/2011): “Se a liberdade religiosa é caminho para a paz, a educação religiosa é estrada privilegiada para habilitar as novas gerações a reconhecerem no outro o seu próprio irmão e a sua própria irmã, com quem caminhar juntos e colaborar para que todos se sintam membros vivos de uma mesma família humana, da qual ninguém deve ser excluído. A família fundada sobre o matrimônio, expressão de união íntima e de complementaridade entre um homem e uma mulher, insere-se neste contexto como a primeira escola de formação e de crescimento social, cultural, moral e espiritual dos filhos, que deveriam encontrar sempre no pai e na mãe as primeiras testemunhas de uma vida orientada para a busca da verdade e para o amor de Deus. Os próprios pais deveriam ser sempre livres para transmitir, sem constrições e responsavelmente, o próprio patrimônio de fé, de valores e de cultura aos filhos. A família, primeira célula da sociedade humana, permanece o âmbito primário de formação para relações harmoniosas em todos os níveis de convivência humana, nacional e internacional. Esta é a estrada que se há de sabiamente percorrer para a construção de um tecido social robusto e solidário, para preparar os jovens à assunção das próprias responsabilidades na vida, numa sociedade livre, num espírito de compreensão e de paz. (…) O mundo tem necessidade de Deus; tem necessidade de valores éticos e espirituais, universais e compartilhados, e a religião pode oferecer uma contribuição preciosa na sua busca, para a construção de uma ordem social justa e pacífica a nível nacional e internacional. A paz é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, um projeto a realizar, nunca totalmente cumprido. Uma sociedade reconciliada com Deus está mais perto da paz, que não é simples ausência de guerra, nem mero fruto do predomínio militar ou econômico, e menos ainda de astúcias enganadoras ou de hábeis manipulações. Pelo contrário, a paz é o resultado de um processo de purificação e elevação cultural, moral e espiritual de cada pessoa e povo, no qual a dignidade humana é plenamente respeitada. Convido todos aqueles que desejam tornar-se obreiros de paz e sobretudo os jovens a prestarem ouvidos à própria voz interior, para encontrar em Deus a referência estável para a conquista de uma liberdade autêntica, a força inesgotável para orientar o mundo com um espírito novo, capaz de não repetir os erros do passado. (…) A liberdade religiosa é uma autêntica arma da paz, com uma missão histórica e profética. De fato, ela valoriza e faz frutificar as qualidades e potencialidades mais profundas da pessoa humana, capazes de mudar e tornar melhor o mundo; consente alimentar a esperança num futuro de justiça e de paz, mesmo diante das graves injustiças e das misérias materiais e morais. Que todos os homens e as sociedades aos diversos níveis e nos vários ângulos da terra possam brevemente experimentar a liberdade religiosa, caminho para a paz!”.
Desculpem-me se me estendi demais.
Ricardo, o fato de você reconhecer que os “homeschoolers” são privilegiados dá a discussão como encerrada para você. Sim, é um privilégio uma educação tão particularizada. E não é para todo mundo, nem para todo rico nem para todo pobre. Aliás, a poupança da familia do aluno em nada está relacionada com a possibilidade de homeschooling. Talvez a religião esteja.
“Estou indo além disso: falo do desenvolvimento científico basilar, utilitarista, nu e cru (engenharias, matemática, física, química, biologia, genética, neorrelativismo, experimentações científicas que corroboram os critérios universitários no Ensino Superior etc), teses estas que até onde sei são jogadas a escanteio nessa modalidade de ensino”
Tomando como exemplo a realidade brasileira, em qual (quais) escola (s) todos esses elementos estão presentes? Esses conhecimentos citados também não estão “jogados para o escanteio” nas escolas brasileiras, tanto públicas quanto particulares?
JV,
A discussão não está encerrada de forma alguma para mim.
Qual o elemento que leva ao privilégio do homeschooling, já que descartamos fatores de ordem financeira? Essa é a principal questão, a meu ver.
E o fato de você sugerir que esse elemento possa ser a religião me dá um certo frio na espinha…
Senhores, leiam estes dois posts e saibam que por vias tortas o HomeSchooling está liberado no Brasil: http://bit.ly/cbBMOP & http://bit.ly/dlqn5O