Enquanto o Rio de Janeiro se deixa seqüestrar pelo medo provocado pelos traficantes e São Paulo espera a sua vez, é edificante saber da história que Richard Fernandez nos revela sobre Don Alejo Garza.
No último dia 13 de novembro, Don Alejo decidiu enfrentar uma gangue de terroristas narcotraficantes que queriam invadir o seu rancho, batizado de San José, próximo da cidade de Vitória, Tamaulipas, no México, este país que ainda vamos nos aproximar muito em termos de guerra civil.
Ele ficou sozinho com armas e granadas. A gangue ficou surpreendida pelo ataque e achou que estava lutando contra um exército, mas descobriu que se tratava de um único homem. Estava morto, completamente metralhado. Contudo, morreu como um homem.
http://www.youtube.com/watch?v=BKtrDQ3gfrg
Parece história de faroeste moderno – mas é assustadoramente real. Em um Brasil em que o cidadão está refém do crime, permite que o Estado seja o delinqüente oficial e que as vítimas não tenham o direito de ter armas para deixarem de ser meros sitting ducks, o exemplo de Don Alejo deveria ser ensinado e repetido como um mantra, um exemplo que nos mostra o que é recuperar a dignidade devida.
Porque se há algo que o terror provocado pelo narcotráfico faz à pessoa comum – e não só o tráfico, mas também os islamofascistas e os esquerdistas radicais que se tornaram agora o estabilishment – é sufocar a capacidade de resistência do indivíduo até ele sequer poder gritar “chega!”. Afinal, quem vigia os vigilantes? Somente aqueles que decidiram ser guerreiros, os únicos capazes de transformar a violência em algo positivo para a sociedade. O resto é conversa fiada de quem usa a paz para criar ainda mais guerra e impor a destruição para quem quer continuar a escolher o momento de sua própria morte.
É isso aí.
No teatro da minha impotência já pensei uma dezena de vezes no sacrifício extremo. Esse homem de verdade foi até o fim.
Um dos melhores posts da Dicta, certamente.
Que Deus o receba, Dom Alejo.
Um herói!
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Haha, por aqui a mantra é outra. Não reaja (nunca, jamais em hipótese alguma) a assaltos. É até engraçado ver o noticiário comentando a morte de um infeliz vítima de assalto: “ele teria reagido”. Parece até improvável que o assaltante mate a vítima just for fun. Nenhuma menção, é claro, a coragem do sujeito em reagir (caso tenha de fato reagido). E seguimos com a apologia à covardia e à pusilanimidade.
Há algumas semanas, na TV, um capitão da PM de Praia Grande/SP praticamente deu uma aula de etiqueta prática sobre como comportar-se em assaltos; algo ridículo de se ver. A mensagem básica era: nunca, em hipótese alguma, de modo algum, de jeito maneira, nem em sonhos reaja em um assalto. Seja um cãozinho bonzinho. Nojentos covardes.
Muito precisos, Marcos e Jean Carlos.
O pior é a noção de reagir, que parece formulada por um assaltante.
Entrou em pânico? Tinha que morrer. Tentou fugir? Reagiu. Tentou defender-se? Reagiu.
Existe uma técnica — uma mistura de ciência e arte — para se avaliar uma situação de perigo pessoal, seus riscos e possibilidades, e reagir com precisão, no momento adequado e da forma correta. Isso é ensinado em academias policiais e militares, mas deveria ser patrimônio de todos os cidadãos interessados. As pessoas comuns deveriam ter acesso a essa técnica, poder aprendê-la e treiná-la em academias e ter o direito de portar as armas necessárias para aplicá-la quando preciso.
O nosso serviço militar obrigatório, além de ser uma imposição estatal odiosa, não serve concretamente para nada. Se pelo menos servisse para que as dezenas de milhares de jovens que por ele passam todo ano saíssem dos quartéis e tiros de guerra qualificados na técnica da autodefesa, essa obrigação seria um pouco mais defensável — e a ousadia dos bandidos do Brasil seria menor.
Perguntinha aos John Waynes aí de cima: vocês preferem continuar vivos ou morrerem como heróis para salvarem uns trocados que têm na carteira?
Ricardo, frequentemente existe uma terceira opção: preservar tanto a vida quanto o dinheiro da carteira, repelindo a agressão alheia com os meios disponíveis no momento.
Há alguns casos em que realmente não há possibilidade de reação. Mas em muitos outros ela existe. Aproveitar essa possibilidade normalmente exige cabeça fria, raciocínio e ação rápidos, boa saúde, excelente preparo e meios adequados de reação à mão. Exige também coragem. Realmente não é para todo mundo, nem para todas as circunstâncias; não é razoável que todos reajam sempre, e nem desonroso que deixem de reagir em determinadas condições. Mas a campanha do “nunca reaja, sempre se submeta” é apenas o exagero oposto, igualmente errado. É a ideologia dos cordeirinhos. Não surpreende que ela seja incentivada por agentes de um Estado de vocação autoritária.
Mas entre o John Wayne e o cordeirinho, existe o cidadão. E está cada vez mais difícil (e ilegal) aprender a tornar-se cidadão, ou agir como tal.
Respostinha ao Ricardo: antes ser um John Wayne, arquétipo de homem valente, do que ser um gado covarde como você, engraçadinho de internet. Provocar os outros no conforto do seu quartinho decorado pela mamãe é fácil, não é?
Olha o brasileiro típico aí, gente!
Desculpe-me Zorastro,
O cidadão, que você citou, está muito mais próximo do cordeirinho do que do John Wayne. Não é uma questão de legalidade ou não, mas sim de “cojones”. Quem o tem? Você tem? Eu, humildemente, digo que não o tenho.
Se um cidadão conseguir (re)agir contra um criminoso, e dar um tiro na cara deste, eu serei o primeiro a elogiar o tal cidadão, não tenha dúvida. Mas… quem o tem?
É muito legal e bonito defender a autodefesa do cidadão comum. Mas isso exige uma coragem fora do espectro do cidadão comum.
Daí minha alusão à John Wayne.
Maurício Lobato
Eu não estou servindo de arquétipo para porra nenhuma.
Estou perguntando diretamente: você teria coragem de reagir par salvar os míseros reais (e alguns documentos identificatórios) que estão na sua carteira? Mesmo que, para isso, fosse preciso morrer pela arma de um bandido? Simples assim.
Já fui rotulado de muitas coisas, mas “engraçadinho da internet” é novidade para mim. Realmente hilariante, embora o assunto não o seja.
E porque eu seria o brasileiro típico? Você, por caso, estaria em outra categoria? Talvez dos brasileiros treinados militarmente para reagir a ataques de bandidos armados e dominá-los? Se estiver nesta categoria, só tenho uma coisa a te dizer: meus parabéns!
Se não, que vá atormentar outro, por favor. E que tenha boa sorte em sua empreitada.
Uma caso real para Waynes e cordeirinhos meditarem.
Um dos meus irmãos, acompanhado de outros dois criminosos, tentou invadir uma casa. O pai de família, embora bem mais velho que esse meu irmão, teve a coragem de enfrentá-lo, se atracar com ele até que o grupo desistiu do crime e fugiu pouco antes da polícia chegar. Se tivessem entrado, o que poderia ter acontecido com a família toda lá dentro? Nem quero saber.
Para mim a coisa é clara: todo cidadão deveria ter o direito, e dever, de fazer um curso de tiro para porte de arma de fogo da mesma forma que é obrigado a fazer curso para dirigir um veículo.
Alguns desgraçados usariam esse direito para cometer crimes do mesmo modo que “lesados” usam carros para fazer “racha”. Mas em qualquer situação, prefiro ter arma para me defender assim como, mesmo contando com os “lesados”, prefiro o carro para me locomover.
Tem certas (muitas) coisas que eu leio nessas caixas de comentários e não consigo acreditar que sejam sérias…
Eu também não, Jonas. Na maioria das vezes eu leio e deixo passar. Mas tem horas em que a tentação de discordar dos absurdos é muito grande e eu acabo escrevendo algo contra. E quase sempre sou rechaçado com ofensas pessoais por gente que nem me conhece.
Mas para tudo tem limite nesta vida.
Estão se esquecendo da existência da honra.
Hoje tomam seus documentos e seus “trocados”, ganho com trabalho e não roubo.
Mas deixa para lá, a vida vale realmente mais que isso. Dinheiro a gente trabalha para ganhar mais.
Aí vem outro e toma o produto do seu trabalho, de novo. http://www.youtube.com/watch?v=AaSBp1Nuvmw
Postei esse porque não achei o vídeo de um mercado assaltado 10 (DEZ!) vezes num dia.
No fim do processo todo, querem te sodomizar nas ruas e quando você tenta reagir, vão dizer que um ÂNUS NÃO VALE SUA VIDA.
Pronto.
Caro Ricardo,
Ninguém se jactou de sua própria bravura aqui. Só houve manifestações de admiração a Don Alejo. Ou seja, consideramos Don Alejo um herói e portanto um modelo de ação. Não que sejamos valentes como ele. É só isso.
Ressentiu-se de ter sido chamado de “cordeirinho” ou “brasileiro típico”? Você chamou todos os outros de “valentão” (John Wayne) antes. Depois ficou chateado. “Todos me agridem sem me conhecer”. Foi exatamente o que você fez, caramba, “se toca”!
Aqui em Fortaleza, dia desses, uma mulher entrou em pânico ao ser assaltada e tentou acelerar o carro. Morreu de um tiro. As autoridades deram o veredicto: reagiu. Até para ser assaltado é preciso certa frieza. Exigir isso de todos é cruel.
Ah, e pergunte ao samurai do sec. XVII porque ele não entregaria sua espada a um salteador de estrada. Ele sempre poderia comprar outra depois, poxa vida.
É questão de imaginação também.
Helder
Eu fiz uma brincadeira com todos, tentei ironizar o assunto. E me chamaram de “gado covarde” e “engraçadinho da internet”.
Um pouco desproporcional a reação, não acha?
a lagartixa, pra sobreviver “solta” o rabo deixando ele com o predador, mas escapando com sua vida
Sempre que eu vejo uma lagartixa sem o rabo, eu perco o respeito por ela