Este não é um site que trata de assuntos políticos em geral (e sim sobre assuntos de cultura que afetam a vida política), mas não podemos ficar omissos ao que está a ocorrer em Honduras. Trata-se de um verdadeiro acontecimento, não só pelo problema institucional que envolvem os interesses em jogo, como pelo fato de que é uma resistência que vai contra o consenso coletivista que tomou conta da América Latina. Ainda assim, o texto de Guy Sorman – um sujeito que podemos chamar de “liberal clássico” -, chamado Revolution Fatigue, esboça uma espécie de raciocínio limitado, em especial neste trecho:
After his 1995 election, Brazil’s Fernando Henrique Cardoso began dismantling a stifling state bureaucracy, and the nation’s economy took off. Cardoso’s nominally leftist successor, Ignacio Lula de Silva, has followed the same globalization strategy, with positive results: as growth trickles down to the poor in Brazil, as it did in Chile, social injustice has eased. Other governments in the region, from conservative (Mexico) to socialist (Uruguay), now take for granted that free markets in the long run can cure the continent’s age-old woes: poverty, inequality, social unrest, and ethnic confrontation.
As former Brazilian president Cardoso puts it: “They are now two Latin Americas, one which is still mired in the obsolete populist, revolutionary rhetoric and the other which has joined the modern world.” The Hondurans and the Argentineans have now chosen to leave the old Latin America behind. For Chavez and his newly displaced cronies (he subsidized Zelaya and the Kirchners), this looks like the end of the party. Unexpectedly, it comes in the midst of an economic downturn: one would think that in a time of crisis, many in Latin America would reject capitalism. On the contrary, the economic crisis seems to favor conservative parties. Earlier this year, the Conservatives in Brazil won the local elections against Lula’s leftist “Workers Party.”
Aqui estão as fraquezas de alguém inteligente, mas que não consegue ver nada além do nariz porque pensa apenas em termos ideológicos e , sobretudo, econômicos. Na cabeça de Sorman, Lula é uma forma de reação “esclarecida” ao Chavismo, quando todos sabem que são farinha do mesmo saco. Ou seja: ele não percebe que o que domina na América Latina não é Hugo Chávez, mas sim “Sto. Antonio Gramsci, ora por nobis“. Resumo da situação: pouco importa se você é da direita ou da esquerda neste mundo. Se não ficar claro para a sua pseudo-cosmologia que os coletivistas tomaram conta da cultura de um continente e já realizaram o golpe na mente das pessoas – até mesmo em sujeitos “liberais” como Guy Sorman – tenho a leve impressão de que a resistência de Honduras terá um longo e tenebroso inverno pela frente.
Concordo quando diz que a interpretaçào de Sorman é superficial. Também nunca entendi bem como ele chegou à esta conclusão.
Que um seja uma versão atenuada do outro, ok. Mas que isto seja um contraponto…sei não…
Também tinha percebido isso. Mas lamentavelmente essa superficialidade na visão da América Latina é mais regra do que exceção.
Gente, quando comecei a ler o post já me recordei da leitura que fiz de “A Solução Liberal”. Nessa obra, fica clara a tendência “modernete-progressista” do Sorman… ele nunca teve nada de especial, não.
O francês possui alguns ótimos insights sobre Economia e reune tudo em um texto fácil, “jornalístico”, mas é realmente muito superficial.
Algumas vezes tive a impressão de que, se ele houvesse se criado numa, sei lá, Áustria da vida, teríamos um sujeito menos “fabiano”, mais “puro sangue”. Ao meu ver, o Sorman sequer tangencia o liberalismo clássico, enquanto pensa estar fazendo uma obra de caridade com a tradição.