“Every true-born Briton lives under a fixed persecution mania that someone is always trying to prevent him from getting a drink. Of course, this is true, but the significant thing is how little they have succeeded.”
Evelyn Wagh
Vale a pena ler In Vino Veritas: I’ll Drink to That, do Roger Scruton – publicado na Standpoint desse mês. O ensaio é quase uma ode ao vinho e à importância que a bebida em geral, e o vinho em particular, tiveram no desenvolvimento da nossa sociedade. O que o texto talvez tenha de excessivo é compensado pela clareza com que mostra os danos de todo tipo de puritanismo. A consequência, diz lá o Scruton, é sempre trocar um “não” absoluto por um “sim” também absoluto e, diga-se, totalmente egoísta. Quem leu a Dicta 3 já sabe onde tudo isso vai levar…
Aliás, estou começando a perceber que uma das características do Scruton é que não importa se o assunto é vinho, arquitetura, política ou filosofia, ele sempre chega no mesmo lugar. Se isso é um defeito ou uma qualidade, por enquanto fica por conta de vocês, eu só queria mesmo era provocar. E se a idéia é provocar, lá vai só um techinho do texto:
“When people sit down together in a public place – a place where none of them is sovereign but each of them at home – and when those people pass the evening together, sipping drinks in which the spirit of place is stored and amplified, maybe smoking or taking snuff and in any case willingly exchanging the dubious benefits of longevity for the certain joys of friendship, they rehearse in their souls the original act of settlement, the act that set our species on the path of civilisation, and which endowed us with the order of neighbourhood and the rule of law. When, however, people swig drinks without interest in their neighbours, except as equal members of the wild host of hunter-gatherers, when their sole concern is the intoxicating effect and when the drink itself is neither savoured nor understood, then are they rehearsing that time before civilisation, in which life was solitary, poor, nasty, brutish and short.”
PS: “Mais uma indicação do Roger Scruton?” dirá o nosso leitor atento. “Não é possível, aí tem algum plano maligno. Será uma conspiração?”. Eu respondo: não, querido leitor. É só coincidência mesmo. E por falar nisso, se tiver um tempinho leia também esse texto e veja lá como a nossa mania conspiratória não é nada boa…
Olha aí outro texto do Scruton que vale a pena ler:
http://www.city-journal.org/2009/19_2_beauty.html
Excelente texto, esse linkado no primeiro comentário. Pra quem gosta de clarineta, mais abaixo um outro link para o “abismo dos pássaros”, terceiro movimento (dura uns sete minutos) do “quarteto para o fim dos tempos” do Messiaen. Notoriamente estreado no início de 1941, em campo de prisioneiros montado pelos alemães em algum lugar da Silésia. 2) Messiaen conhecia para valer o seu ofício e teve o sentido católico da abstração que dialoga com a vida concreta: lembro do “Catálogo dos Pássaros”, por exemplo, genialmente harmonizado em cima das muito várias melodias que eles naturalmente inventam. 3) Que prazer a leitura do Scruton, no texto sobre vinho ou no do city-journal, ao encontro do melhor (sim, bastaria lembrar de Mozart) na tradição do iluminismo e da modernidade que nos é mais próxima. http://www.youtube.com/watch?v=GA-mrWcRBAs
Putzgrila! E pensar que o Dr. Drauzio Varela, o José Serra, a Revista Veja e a Rede Globo são todos um bando de malditos puritanos que querem abolir na nossa sociedade a idéia d e um “fumo moderado”, de um “fumo temperante.” Querem que toda a resposta ao fumo sejaum “absoluto não”. Tarados puritanos!
Outro valioso artigo recentemente publicado por Scruton (sobre a importância de discriminações estéticas):
http://spectator.org/archives/2009/06/05/farewell-to-judgment
E por falar em Estética, não podemos nos esquecer do mais novo livro desse grande esteta, “On Beauty”, que acaba de ser publicado. E mais dois livros de Scruton juntam-se a ele nos próximos meses: “Understanding Music” (Junho) e “I Drink Therefore I Am” (Setembro).
Por fim, “Roger Scruton: The Philosopher on Dover Beach”, de Mark Dooley, acaba de ser lançado.