Uma testemunha do horror

Quando Alexander Solzhenitsyn morreu há quase um ano, ninguém sabia dizer se ele era um grande escritor, um mero panfletário anti-comunista ou um profeta louco que queria o retorno da Mother Russia. O único que foi contra a corrente e que mostrou que Solzhenistyn era, de fato, um grande escritor e, mais, um grande pensador político, foi Daniel P. Mahoney, jovem scholar norte-americano que escreveu um dos melhores livros introdutórios sobre a obra do vate russo – Alexander Solzhenitsyn: The Ascent from Ideology. Sua tese é muito simples e também ousada: para Mahoney, Solzhenitsyn é um escritor digno de inovações formais, no mesmo patamar de um James Joyce, e um pensador político sofisticadíssimo, uma mistura de Sto. Agostinho com Tocqueville. Estão com dúvidas sobre a argumentação do muchacho? Então leiam o excelente artigo que Mahoney escreveu a respeito do relançamento de O Círculo Vermelho na Inglaterra, em uma versão original que mantém a intenção religiosa de seu autor.

4 comentários em “Uma testemunha do horror

  1. Li recentemente um trecho de entrevista com a Ayn Rand (russa também), aquela filósofa libertária, nos anos 60 ou 70, em que ela fala sobre o Solzhenitsyn. Em breve faço um post com a opinião dela. Será um contra-ponto divertido!

  2. Bela sugestão! É assim, sinteticamente, que costumo definir Solzhenitsyn: “the witness”. (Lembra inclusive o título daquele indispensável livro de Whittaker Chambers).

    Outra boa referência acerca do gigante russo é Edward Ericson Jr., este um scholar mais idoso, co-editor – ao lado de Mahoney – do “Solzhenitsyn Reader” publicado pelo ISI (http://www.isi.org/books/bookdetail.aspx?id=46543681-fa28-46b9-92dd-3f99181d3ffd).

    Abaixo o lançamento do volume, com falas de ambos os editores:

    http://www.isi.org/lectures/lectures.aspx?SBy=lecture&SFor=91311121-7448-4766-8614-a9f02e978761

    Finalmente, também vale a pena conferir o artigo “Solzhenitsyn, Russell Kirk, and the Moral Imagination”, escrito por Ericson e publicado no início de 2005 pela Modern Age (http://www.mmisi.org/ma/47_01/ericson.pdf)

    Abraços,

  3. Muito evocativa, a resenha. Há sempre um limite socrático, até mesmo para a distância razoável e acadêmica (no sentido platônico, portanto bem distinta do epicurismo) com relação à “politeia”.

  4. Discordo sobre o “até o ano passado não se sabia se Solzhenitsyn era ou não um grande escritor”.
    Comprei e li quase todos os livros dele há mais de 30 anos e desde então já era considerado no seu país e fora dele tão bom escritor como os grandes
    clássicos da literatura russa.Claro que pode haver uma ou outra discordância mas não consigo entender essa recente “descoberta”.

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